Ao menos 63 mil mortes por câncer que ocorrem no Brasil por ano poderiam ser evitadas com a adoção de hábitos saudáveis, como não fumar e praticar atividades físicas. Também seria possível evitar 114 mil novos casos da doença, o que corresponde a 27% dos registros anuais. Foi o que constatou um estudo do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e da Universidade de Harvard publicado no periódico científico Cancer Epidemiology deste mês.

Para fazer o levantamento, os pesquisadores cruzaram dados da Agência Nacional de Pesquisa em Câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de levantamentos feitos por instituições nacionais.

“Existe um consenso que tabagismo, álcool, sedentarismo, obesidade e má alimentação estão relacionados com 20 tipos de câncer. Sabendo desses fatores de risco, usamos bancos de dados do IBGE para ver como é a distribuição deles na população”, explica Leandro Rezende, pesquisador da FMUSP e um dos autores do estudo, realizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Da Pesquisa Nacional de Saúde, de 2013, foram coletadas informações sobre a prevalência de tabagismo, o Índice de Massa Corporal (IMC), uso de bebidas alcoólicas, consumo de frutas e hortaliças. “Com esse conjunto de dados e cálculos estatísticos, chegamos a quantos casos e mortes conseguiríamos evitar. A gente não conseguiria evitar um número tão grande com algum exame de detecção precoce.”

O estudo apontou ainda que a incidência de câncer de pulmão, laringe, orofaringe, esôfago, cólon e de reto poderia cair pela metade com a eliminação dos fatores de risco avaliados pelos pesquisadores. “Esperamos que esse resultado seja utilizado como um convite para os gestores de políticas públicas para a regulamentação do marketing de alimentos processados.”

Mudanças

Após ficar curada de um câncer de mama descoberto no final de 2015, a economista Sílvia Helena Madi Pinheiro, de 50 anos, resolveu mudar seus hábitos. A alimentação se tornou mais saudável e a atividade física passou a ser considerada parte do tratamento.

“Quando eu fui fazer a minha primeira consulta com a oncologista, ela perguntou o que eu fazia e falei que era totalmente sedentária. Naquele momento, fiz um pacto que não seria mais sedentária e faria exercício como remédio.” Hoje, acorda às 5h30 e prática ioga e pilates. Ela também buscou influenciar a família a ter bons hábitos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.