Imagine investir no mercado financeiro e ganhar em um ano seis vezes mais do que o salário de designer em uma grande agência de publicidade de São Paulo. Esse foi um dos motivos que fez o publicitário Ricardo Brasil abandonar a carreira de formação e atuar como trader na bolsa. “E o que eu ganhava não era pouco”, ressalta. “Mas uma doença grave da minha mãe me fez voltar ao Rio de Janeiro e, assim, focar exclusivamente na bolsa.”

Com a experiência adquirida ao longo dos quase 15 anos no mercado financeiro, ele criou o canal Ganhando a Vida Adoidado no YouTube. A história completa você confere no quarto episódio do MoneyPlay Podcast, programa criado para jogar uma luz sobre o mundo das finanças, apresentado pelo educador financeiro Fabricio Duarte.  

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A grande aposta

Quase 20% de todo o dinheiro que Ricardo Brasil fez na bolsa de valores foi com IPO (Oferta Pública Inicial, em português). Ele era o que o mercado chama de “flipper”, quem compra e vende ações de uma empresa no dia em que ela abre seu capital na bolsa. O nome vem do verbo em inglês “to flip”, que significa virar um objeto rapidamente uma ou mais vezes. 

Ele chegou a ganhar R$ 250 mil em apenas dois dias, cerca de 10% do valor inicial investido. “Até 2018, se você comprasse qualquer ação e a vendesse na abertura, a maioria dava lucro. “Quando saquei isso, ganhei muito dinheiro.”

Como as empresas querem uma relação de longo prazo com o investidor, segundo o trader, o “flipper” não é bem recebido no mercado. A B3, bolsa de valores de São Paulo, chegou a impedir que esses investidores atuassem em mais de três ofertas seguidas. “Nos Estados Unidos, só era possível “flipar” uma vez por mês e você já entrava numa ‘black list’, pois lá quem decide quem pode comprar ações em um IPO é a corretora.”

Mercado maduro

Brasil acredita que, hoje, o mercado está mais maduro e as empresas mais estruturadas e que os IPOs devem seguir firmes no país. “Com quase 2 bilhões de pessoas ativas na bolsa, conseguiríamos fazer um IPO só para pessoas físicas.” 

Para o trader, as pessoas descobriram a bolsa de valores, mas ainda há um mercado virgem a ser explorado, pois R$ 1 trilhão ainda está investido em poupança. “Até dois anos atrás, tinha mais gente nas prisões do que na bolsa de valores no Brasil. É um caminho sem volta”, afirma.

Começar devagar

E, para quem ainda tem medo de aumentar o leque de investimentos, Brasil orienta: “abra uma conta em qualquer corretora.. Não precisa ir necessariamente para bolsa, pode ficar na renda fixa, que é melhor do que a poupança, e depois vai testando outros investimentos aos poucos.”

Já para quem espera fazer dinheiro rápido, o publicitário recomenda cautela e muito estudo. “A pessoa quer ganhar milhões do dia pra noite e isso não acontece”, afirma. E para quem confia em qualquer “fórmula mágica” que oferecem no mercado, é preciso ainda mais cuidado. “Quem diz que só ganha na bolsa de valores é mentiroso”, alfineta. “Já ganhei os Estados Unidos na bolsa, mas perdi uma Rússia.” 

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Para o trader, também é preciso tomar cuidado com a estratégia de “buy and hold” (comprar e guardar, em português – estratégia de manter uma ação por muito tempo para ganhar dividendos).  “Mais da metade das empresas que compunham o primeiro índice Bovespa quebrou. A pessoa precisa rebalancear a carteira constantemente. Se ela der errado, você só vai descobrir daqui a 20 anos. E eu só tenho uma vida para viver.”

Quer ver mais episódios do programa? Confira o primeiro, o segundo e o terceiro com o economista Ricardo Schweitzer e os educadores financeiros Patricia Lages e André Massaro.