BRASÍLIA, 11 SET (ANSA) – A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse haver “prova cabal” de que um grupo liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e composto por figuras-chave do governo e das Forças Armadas “desenvolveu e implementou um plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas para prejudicar a alternância de poder nas eleições e minar os poderes constitucionais”.
“Tudo me leva a concluir que há prova nos autos de uma empreitada criminosa dos réus, que se utilizaram de uma milícia digital para a propagação de ataques ao judiciário, e de uma forma muito especial ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas”, afirmou Cármen durante julgamento na Primeira Turma do STF.
Logo no início de seu voto, a ministra apontou que o Brasil enfrentou, a partir de 2021, uma série de práticas “espúrias” para romper o regime democrático após quase 40 anos do fim da ditadura.
Segundo Cármen, essas ações “semearam o grão maligno da antidemocracia”, culminando na insurreição bolsonarista de 8 de janeiro de 2023, que “não foi um acontecimento banal depois de um almoço de domingo”. “O infame conjunto de acontecimentos ocorridos ao longo de um ano e meio haveria de ter uma resposta no direito penal. A democracia brasileira não se abalou, e agora a hora é de julgamento”, afirmou. (ANSA).