‘Patriotism is the last refuge of a scoundrel’ (patriotismo é o último refúgio dos canalhas) é uma frase famosa atribuída ao poeta e escritor inglês Samuel Johnson (1709-1784), um dos mais influentes pensadores do século XVIII.

Sendo ou não de Johnson, o enunciado é de uma assertividade ímpar. Em nome da pátria, ao longo dos milênios, facínoras e tiranos guerrearam, subjugaram e dizimaram povos inteiros, para, ao final, chafurdarem na lama nacionalista.

Mas a vilania dos tiranos não restringiu sua crueldade ao solo natal, não. A religião sempre foi usada como instrumento de caça por autoproclamados representantes de Deus, de Alá ou o nome que queiram dar à divindade preferida.

GENOCÍDIOS

Bárbaros, cazares e imperadores sanguinários espalhavam o mais puro terror sobre as terras em que pisavam. Saqueavam, queimavam e destruíam vilas inteiras, para, em seguida, violentar, escravizar e matar os povos.

Conquistar terras e riquezas, em nome do próprio império, foi a rotina durante séculos na Europa e Ásia. Com o passar dos anos, o eixo da morte se deslocou para outro motivo: as religiões. Hereges e infiéis deveriam ser dizimados.

E em tempos mais recentes, historicamente falando, uma nova ‘desculpa’ vigorou à frente da sanha por sangue, tortura, dor e morte própria dos perversos, como se religião e pátria não bastassem: ideologia política (ou forma de governo).

HOMOFOBIA

Hitler criou e difundiu o nazismo pela Europa e, em nome do nacionalismo alemão e da mais pura ‘raça’ humana, a ariana, matou mais de 6 milhões de judeus, além de ciganos, negros, deficientes físicos e mentais e, sim!!, homossexuais.

O comunismo e suas variantes (socialismo, marxismo, etc), pelas mãos de assassinos como Mao, Pol Pot, Stalin e Lenin extinguiu mais de 100 milhões de vidas humanas e, sim!! igualmente perseguiu e matou os homossexuais.

Com inveja de seus colegas (pátria e ideologia), a religião também perseguiu e assassinou, em nome dos deuses, milhões de ‘infiéis’ e ‘pecadores’, como nos contam as Cruzadas e as Jihads, e, sim!!, lá se foram milhares de homossexuais.

LIVROS SAGRADOS

Vagabundos e covardes invocam escrituras sagradas para sustentarem racismo, xenofobia, ideologia política e, é claro, homofobia. Islâmicos terroristas juram que Alá mandou atirar os judeus no mar: ‘está no Alcorão’. Onde, seus cretinos?

Cristãos e evangélicos homofóbicos juram que Jesus e/ou Deus condenam gays e lésbicas, como se tivessem ouvido algo minimamente parecido Deles próprios, e não através de palavras e frases escritas por homens. Repito: homens!

Torá, Bíblia, Alcorão… escolham o livro que quiserem e me digam: foi alguma divindade o autor do que vai lá? Ou foram ‘sábios’, em suas épocas medievais? E quem interpreta e divulga os escritos: um ser humano ou uma divindade?

CANALHAS

Não há qualquer razão para ofender, discriminar e até mesmo criminalizar (sim; há penas para quem é homossexual em alguns países, inclusive pena de morte) a homossexualidade em nome de terceiros, seja um padre, xamã, rabino ou pastor.

Muito menos justificar tais crimes, amparado em escrituras tão antigas quanto venerar bezerros e temer os trovões. Até porque – isso é lógica elementar – se todas as leis religiosas ainda valessem, não haveria vida humana sobre a Terra.

Um canalha é um canalha porque é um… canalha! Simples assim. Não o é porque está escrito em um livro nem porque o líder religioso falou. É porque escolheu ser, seja lá o maldito motivo. E se não assume a própria canalhice, é também covarde.

SEXO

Os puritanos que dizem que homossexualidade é pecado, baseado nos livros sagrados e nos porta-vozes de Deus, só fazem sexo para procriar, é? E quando fazem, não têm fantasias e pensamentos ‘libidinosos’, não? Santinhos eles!

E os machões que não suportam os ‘viados’, em nome de Jesus, não se excitam com ‘sapatas’ lindas se pegando, e se masturbam, escondidinho, loucos para entrar na luxúria do Rock das Aranhas (aliás, Raul Seixas era pecador?).

O problema dessa gente homofóbica é um só: sexo! Por motivos diversos, geralmente ocorridos lá nos primeiros anos de vida, se tornaram adultos – como direi? – com vícios de construção. Defeitos de fábrica, entendem?

FREUD EXPLICA

Daí, sublimam seus traumas e suas fraturas emocionais – e não raro suas perversões – em puritanismo religioso, a fim de construírem uma barreira imaginária contra suas angústias primitivas, tadinhos (e tadinhas).

Ocorre que tal barreira imaginária é tão sólida quanto nosso real em tempos de Jair Bolsonaro, um dos homofóbicos assumidos que se esconde atrás da religião. Assim, continuam angustiados e ansiosos; por isso são tão raivosos e violentos.

Encerro com os geniais e inesquecíveis Mamonas Assassinas: ‘Ontem eu era católico, hoje eu sou um gay. Tem gay que é Mohamed, tentando camuflar. Faça bem a barba, arranque seu bigode, gaúcho também pode, não tem que disfarçar’. É isso aí! No fundo, no fundo, não passam de Robocops gays.