Há exatos 40 anos, o Brasil chorava a morte de Tancredo de Almeida Neves, o político no qual o Brasil havia depositado toda a sua esperança, após a longa e escura ditadura militar, mas que não conseguiu assumir a presidência da República.
Tancredo de Almeida Neves morreu há 40 anos, em 21 de abril de 1985, aos 75 anos, após ter sido hospitalizado na véspera da cerimônia de posse e passar por 39 dias de uma agonia compartilhada com o país.
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Ele seria o primeiro civil a ocupar a Presidência do país após 21 anos de regime militar era internado às pressas na véspera da cerimônia de posse.
Eleito dois meses antes, de forma indireta, pelo colégio eleitoral, o político peemedebista saiu de um evento religioso em Brasília e, com fortes dores abdominais, foi internado no Hospital de Base do Distrito Federal.
A posse de Tancredo representava o fim, de fato, da ditadura. E significava pavimentar o caminho para as eleições diretas e para uma nova Constituição para o país. E a incerteza provocada pelo quadro de saúde do presidente eleito deixava o cenário político especialmente conturbado.
Não foi à toa que, soube-se depois, o próprio Tancredo retardou ao máximo a sua internação.
Com a internação de Tancredo, havia quem defendesse um novo processo eleitoral, já que ele ainda não tinha sido empossado e, portanto, ao pé da letra, o vice José Sarney ainda não era vice.
Outra corrente achava que o sucessor deveria ser Ulysses Guimarães (PMDB), presidente da Câmara. A questão foi decidida por um militar. O general Leônidas Pires Gonçalves, já indicado ministro do Exército, deu a última palavra: Sarney assumiria.
Durante o período de internação, Tancredo Neves foi submetido a sete cirurgias. Ele morreria sem nunca ter tomado posse como presidente do Brasil.
Tancredo seria declarado morto pouco depois das 22h do dia 21 de abril de 1985. O anúncio foi feito pelo jornalista Antonio Britto, porta-voz do presidente eleito Tancredo Neves, que resolveu descer pela escada os sete andares que separavam a UTI do auditório do Instituto do Coração, em São Paulo, onde centenas de jornalistas se acotovelavam à espera de alguma notícia no Instituto do Coração.
“Lamento informar que o excelentíssimo senhor presidente da República, Tancredo de Almeida Neves, faleceu esta noite, no Instituto do Coração, às 22h23. Acrescento o seguinte: nos últimos 50 anos a vida pública de Tancredo Neves confundiu-se com sonhos e ideais brasileiros de união, de democracia, de justiça social e de liberdade. Nos últimos meses, pela vontade do povo, e com a liderança de Tancredo Neves, estes ideais se transformaram na Nova República. A emocionante corrente de fé e de solidariedade das últimas semanas, enquanto o presidente Tancredo Neves lutava pela vida, só fez crescer este sentimento de união que foi sempre ação, exemplo e objetivo de Tancredo Neves. Com a mesma fé, com a mesma determinação, o Brasil haverá, a partir de agora, de realizar os ideais do líder que acaba de perder, Tancredo Neves.”
Sarney assumiu e, em seu período no governo, o Congresso aprovou a nova Constituição Federal, em 1988, que garantiu a eleição do primeiro presidente por eleição direta, em 1989, vencida por Fernando Collor.