“Ajoelhado no centro do campo, os braços abertos e chorando. Foi assim que Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, encerrou a sua carreira, aos 21 minutos do jogo de ontem à noite contra a Ponte Preta, na Vila Belmiro. O estádio não estava lotado, como se esperava, e a sua volta olímpica foi acompanhada por uma tímida salva de palmas. Com a camisa na mão, Pelé correu para os vestiários e minutos depois aparecia na parte dos fundos do estádio, onde um carro da Polícia Militar estava à sua espera.”

Foi assim que há 45 anos o jornal O Estado de S.Paulo noticiou a despedida de Pelé do Santos. Depois de 18 anos defendendo as cores alvinegras, o Rei do Futebol deu adeus aos torcedores na Vila Belmiro, numa vitória por 2 a 0 sobre a Ponte Preta, no dia 2 de outubro de 1974. Pelé jogou 21 minutos do duelo válido pelo Campeonato Paulista, não fez gol e depois no vestiário se emocionou, antes de partir para os Estados Unidos, onde defenderia o Cosmos.

O fotógrafo Reginaldo Manente flagrou os momentos solitários de Pelé no vestiário antes de deixar a Vila Belmiro. Na galeria de fotos do acervo do Estado, ele aparece sem camisa, trocando de roupa, emocionado. Na porta do armário é possível ver mensagens ao Rei do Futebol.

A reportagem que relata os últimos momentos de Pelé com a camisa do Santos, no entanto, não é a principal da página. Foi colocada ao lado com o título: “De joelhos, braços abertos, tudo acabou”.

O destaque foi uma reportagem em tom crítico à diretoria santista, que deu prioridade a políticos em vez de seu maior astro: “Uma festa tropical, e foi-se o tempo de Pelé”, estampava a manchete.

O texto abria questionando a presença de uma faixa pedindo votos ao candidato a deputado Athié Jorge Coury. E seguia informando sobre o excessivo destaque dado ao prefeito Manuel de Carvalho no vestiário, enquanto ignorava a despedida do homem que fez o clube faturar sete milhões de dólares em excursões pelo mundo.

O Santos destacou nesta quarta-feira em suas redes sociais a efeméride. “Há 45 anos, @Pele interrompia a partida contra a Ponte Preta aos 21 minutos e se ajoelhava no centro do gramado da Vila Belmiro, abrindo os braços para agradecer a todos os presentes naquele momento histórico. Era a última partida oficial do Rei com o #MantoSagrado.”