Idolatrado por corintianos mesmo após a sua saída do clube, em janeiro de 2016, e constantemente cotado em times que buscam reforço para a defesa, o zagueiro Gil não tem pressa para retornar ao Brasil. Na China, o ex-corintiano é referência no Shandong Luneng.

Em entrevista ao Estado, ele deixa claro que seu desejo é continuar no país, mesmo que isso cause seu distanciamento da seleção brasileira. Seleção, inclusive, é um assunto que o atleta de 31 anos não gosta de comentar já que “não esteve nas últimas convocações e não disputou a Copa”.

Qual a expectativa para o restantge dessa temporada no Shandong?

A temporada está sendo muito boa. Estamos na briga por dois títulos (Campeonato Chinês e Copa do China) e creio que vamos assim até o final. Temos mostrado uma grande força, um coletivo importante, e isso dá confiança para seguir em busca das primeiras posições. Pelo segundo ano seguido, estamos entre as defesas menos vazadas da Liga e existe um entendimento tático muito bom.

Você está entre os mais experientes do elenco. Como é visto no clube? É uma referência ou o respeito é igual aos dos demais jogadores?

Até por já estar em minha terceira temporada, existe um respeito grande, sim. A torcida também gosta muito de mim e o carinho é grande. A minha relação com todos é boa e a gente acaba servindo de exemplo para os demais atletas. Tem a questão de ser brasileiro também, pois eles admiram muito o nosso futebol.

A diretoria do Shandong chega a conversar com você quando vai atrás de algum jogador brasileiro? Por exemplo, te perguntaram algo antes de contratar o Róger Guedes?

Não. Isso fica mais com eles mesmo. Eu acabo acompanhando pela imprensa ou quando algum atleta vem me perguntar. Nem quero me envolver muito nessas coisas.

Como é sua relação com os outros brasileiros que jogam na China? Quem são os atletas mais próximos?

A relação é muito boa, mas a gente acaba encontrando mais nos jogos mesmo. Tem o Renato (Augusto), jogamos juntos no Corinthians e seleção brasileira, e tem também o Paulinho. A relação é legal e o com quem mais tenho contato acaba sendo o Tardelli, pois já estamos juntos aqui (no Shandong) há muito tempo. Ele é um amigo.

Sempre que abre a janela de transferências, seu nome é falado. Você “já esteve próximo” de Corinthians, Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG. O que teve de real em tudo isso?

Nada (risos). Eu acabei acompanhando mais pela imprensa mesmo. De concreto, para mim, não chegou nada. Vi que Corinthians e Palmeiras sondaram a minha situação e fico feliz por isso. É sinal de que tenho feito um bom trabalho e o pessoal no Brasil tem acompanhado. Eu deixo esse assunto para meus empresários, mas tenho ainda contrato até o fim de 2019. O Shandong conta comigo e investiram pesado na minha contratação (10 milhões de euros, cerca de R$ 44 milhões, na época).

Mas quais seus planos para o futuro? Volta ao Brasil, se aposenta na China ou pensa em ir jogar em outro país?

Eu acabo não fazendo muitos planos assim a longo prazo. Hoje tenho contrato com o Shandong até o fim de 2019 e, se não chegar nada bom para mim e para o clube, vou seguir aqui e cumprir.

Financeiramente, não há dúvidas que ir para a China foi um bom negócio. Mas profissionalmente? Acha que isso o afastou da seleção e dos olhos de grandes centros europeus?

Foi algo bom para mim e para o Corinthians na época. Uma proposta excelente para todos os lados e estou aqui já no meu terceiro ano, jogando sempre e em alto nível. No Corinthians também pude ganhar títulos e marcar história, saindo de lá campeão e com grande carinho de todos. Não dá para falar que foi um negócio ruim.

Estando do outro lado do mundo, como tem visto a situação vivida pelo Brasil com desemprego, brigas políticas, violência e tudo que tem acontecido. Essas coisas ajudam a fazê-lo não ter vontade de voltar? Você comenta com os outros brasileiros?

São situações complicadas no País, que a gente fica triste. Mesmo longe, acompanhamos, claro, e comentamos. E quando estamos no Brasil, vemos isso de perto. É preciso que cada um faça a sua parte, tenha consciência política e saiba eleger quem realmente esteja preocupado em consertar o Brasil.