ROMA, 8 JUN (ANSA) – O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu nesta quarta-feira (8) a necessidade de chegar a “um acordo que permita a exportação segura de alimentos produzidos na Ucrânia através do Mar Negro e acesso sem obstáculos aos mercados globais para grãos e fertilizantes russos”.
A declaração foi dada durante a apresentação de um relatório das Nações Unidas sobre os impactos causados pela guerra da Rússia na Ucrânia, em Nova York.
“Este plano é essencial para centenas de milhões de pessoas em países em desenvolvimento, incluindo na África Subsaariana”, acrescentou Guterres.
O chefe da ONU anunciou a criação de uma força-tarefa para permitir o retorno de alimentos produzidos pela Ucrânia e Rússia ao mercado global.
Guterres destacou que “a guerra está ameaçando criar uma onda sem precedentes de fome”, com caos econômico e social, e disse que não haverá nenhum país que não será de alguma maneira influenciado pela crise na Ucrânia. Durante o evento, o diplomata lembrou que o preço dos alimentos está perto de atingir uma alta recorde, além dos preços dos fertilizantes, que mais que dobraram, “soando o alarme por todos os lados”.
O secretário-geral da ONU reforçou ainda que sem fertilizantes, haverá queda de estoques de milho, trigo e arroz, com “impactos arrasadores para bilhões de pessoas na Ásia e na América do Sul”. De acordo com o relatório, é estimado que 94 países, onde vivem cerca de 1,6 bilhão de pessoas, estão “seriamente expostos a pelo menos uma dimensão da crise e não conseguem enfrentá-la”.
Do número total de indivíduos, 1,2 bilhão, ou três quartos, vivem em países severamente expostos e vulneráveis “às três dimensões” ao mesmo tempo: finanças, alimentos e energia”.
Por fim, Guterres defendeu que não existe “solução para esta crise global sem uma solução para a crise econômica no mundo em desenvolvimento” e por isso, é preciso “agir agora para salvar vidas e meios de subsistência nos próximos meses e anos”. (ANSA)