O andamento do arcabouço fiscal afastou o risco de explosão da dívida do País, mas o Brasil, diante do apetite por gastos do governo, deve se deparar à frente com o desafio de evitar o aumento da carga tributária. A avaliação é de Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da Rio Bravo Investimentos.

“Ideologicamente, este governo não gosta de conversar sobre redução de despesa. O medo, portanto, é começar logo uma conversa sobre impostos”, disse Franco durante o 12º Seminário de Gestão de Investimentos, da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).

A reforma tributária desenhada pelo governo parece abraçar os impostos diretos progressivos – ou seja, aumentar a tributação dos mais ricos e reduzir a dos mais pobres -, disse Franco, para depois lembrar que ainda não se sabe de onde serão tirados cerca de R$ 200 bilhões para chegar às metas de resultado primário prometidas no novo arcabouço.

“O perigo é morrer abraçado na causa”, afirmou. Ele cita que a reforma deve ser discutida em um ambiente ruim com o Congresso, e tende a ficar pior pela condição das contas do governo federal para fechar o ano.