O guru de meditação e sexo tântrico Deva Nishok usou mão de obra voluntária para manter um negócio lucrativo em sua comunidade terapêutica em Itapeva (MG), afirmam pessoas que trabalharam no local, por meio de contratos que, segundo especialistas, não têm valor legal. Nishok, cujo nome de registro é Tadeu Horta, é investigado pelo Ministério Público de Minas sob suspeita de abuso sexual. A informações são do jornal Folha de S.Paulo.

A reportagem ouviu 13 funcionários, terapeutas e voluntários que relataram ter trabalhado na Sadhana Comunna, entre 2013 e 2018 ou que estão vinculados à Rede Metamorfose. Todos afirmam que o trabalho de hotelaria, como limpeza e arrumação dos quartos, banheiros e cozinha, bem como a lavanderia, ficavam a cargo de voluntários —um contingente de 6 a 30 pessoas, mesmo sendo grande o número de hóspedes que pagam entre R$ 1.370 a R$ 8.900 nos cursos e terapias ministrados no local.

A maioria dos entrevistados diz que havia apenas um funcionário, o cozinheiro —outros afirmam que em certos momentos havia mais dois. Havia também jardineiros e, para gerir a empresa —o Centro de Desenvolvimento Integral Metamorfose LTDA— Nishok tinha alguns funcionários de comunicação, administração e coordenadores.

O empreendimento foi denunciado ao Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais. “Em síntese, a denúncia é no sentido de que a pousada e centro de formação terapêutica explora trabalho de profissionais voluntários”, afirmou o MPT-MG. O caso está em fase de coleta de documentos e informações e, havendo provas iniciais, poderá ser instaurado inquérito civil público.

Procurado, Horta, 61, negou que os voluntários trabalhem no hotel. Disse ter quatro funcionários contratados na cozinha e diaristas. A Metamorfose tem ainda cerca de 190 terapeutas associados no país.