Sem ter liderado nenhuma pesquisa de segundo turno, Guilherme Boulos tenta repetir a realização de Luiza Erundina: vencer uma eleição para a Prefeitura de São Paulo com uma arrancada intensa na reta final.

Em 1988, enquanto ainda era membro do Partido dos Trabalhadores (PT) — hoje ela é deputada federal pelo PSOL — , Erundina conquistou a prefeitura com 36,78%. Naquele ano, o pleito foi disputado em turno único, e contou com 14 representantes. O favorito era Paulo Maluf (PDS), que teve pouco mais de 30% dos votos.

A eleição de Erundina

O pleito de 1988 teve algumas singularidades. Prefeito na época, Jânio Quadros (sem partido) enfrentava baixa popularidade e uma onda de protestos, resultado de uma série de medidas controversas, como a proibição da prática de skate — decisão que foi revogada por Erundina no ano seguinte.

A atmosfera também sofria influência da crime econômica da época e do assassinato de três trabalhadores por parte do Exército durante greve na CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), o que conferiu ao voto em Erundina um caráter de protesto, conforme ela mesma destacou em entrevistas ao longo dos anos.

Em pesquisa Datafolha divulgada no dia 14 de novembro, véspera da votação, Erundina estava em segundo lugar, com 20% das intenções de voto. Na primeira colocação, Maluf tinha 26%. Assim foi durante toda a campanha, com a petista tendo o segundo lugar como o melhor resultado.

Otimismo e resignação na campanha de Boulos

Boulos e Erundina se encontram na mesma situação de enfrentar o dia da votação decisiva sem liderar nenhuma pesquisa, se considerarmos o segundo turno como uma nova eleição.

Em pesquisa Datafolha divulgada no sábado, 26, véspera da eleição, registrou 48% das intenções de voto contra 37% de Ricardo Nunes (MDB). Ainda assim, a expectativa na campanha é positiva.

Membros da equipe do psolista veem um ambiente de virada, apesar do que mostram os levantamentos de intenção de voto. Os trackings de campanha, segundo interlocutores ouvidos pelo site IstoÉ sob condição de anonimato, mostram uma disputa ainda mais acirrada.

A avaliação, porém, não é unânime. Parte da cúpula, embora tenha visto com bons olhos o crescimento da campanha na reta final, considera que não há tempo para uma reviravolta.