A esteira da reavaliação histórica que salva e redime carreiras no exterior pode estar chegando aos anos 1980. E não se trata de propor a descoberta de nomes estranhos, mas de, simplesmente, reouvi-los.

Quando Ed Motta entrou em uma casa de show na Alemanha, ouviu Coisas do Brasil, de Guilherme Arantes, e se encheu de orgulho. O piano que soava ali era de uma linhagem, desta vez, não associada à bossa nova clássica, embora fosse Guilherme também um de seus filhotes.

Ao sentir que o momento pode ser o de se colocar na Europa com um destaque do qual ainda se acha merecedor, Guilherme diz que decidiu mudar-se para a Espanha. Se tudo correr conforme suas programações, ele segue para Madri no próximo ano.

“Eu amo o Brasil, devo muito a esse país, mas sinto que a Europa começa a enxergar a bossa nova e seus corolários. E eu vou porque sei que pertenço a esse time de pianistas modernos. O Brasil, infelizmente, ainda é muito mal vendido lá fora, uma música de muita percussão.”

Ele diz que deve passar uns tempos fora, mas não deixar de estar também no Brasil. “Quero estudar música, aproveitar para tocar mais pela Europa.”

Aos 64 anos, Guilherme Arantes pode se considerar um beneficiado pelas reavaliações do tempo. “Eu não sei como sobrevivi ao que acontecia nos anos 80. Era tudo comprado pelos jabás”, diz ele, referindo-se aos espaços em rádio e TV comprados pelas grandes gravadoras.

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“Um programa musical de uma grande emissora de TV era rateado por todas as companhias. Do décimo ao primeiro lugar, eles colocavam nomes de uma mesma gravadora em um dia para, na semana seguinte, doar o mesmo espaço para a outra gravadora concorrente. E assim seguiam.”

Há uma década, Guilherme começou a virar referência para uma nova geração e a ter suas canções, muitas delas consideradas bregas, como exemplares de uma produção sofisticada e pop ao mesmo tempo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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