Guia turístico italiano é alvo de xenofobia na Polônia

CRACÓVIA, 10 MAR (ANSA) – Um italiano que trabalha como guia turístico na Polônia há mais de 10 anos foi alvo de manifestações xenófobas por causa de uma exposição sobre o campo de concentração nazista de Auschwitz.   

Diego Audero, de 35 anos e originário da província de Cuneo, no Piemonte, teve a entrada de seu apartamento, em Cracóvia, pichada na madrugada deste sábado (10) com uma estrela de Davi – símbolo do judaísmo -, uma suástica e as frases “A Polônia para os poloneses” e “Auschwitz para os guias poloneses”.   

Algumas semanas antes, ele havia montado e curado uma mostra sobre os militares italianos que foram enviados a campos de concentração nazistas na Polônia entre 1943 e 1945. A exposição foi exibida pelos institutos italianos de cultura de Cracóvia e Varsóvia.   

“Me sinto ferido e triste pelo ocorrido, porque eu considero a Polônia minha casa. Estou totalmente integrado à sociedade e me sinto bem em Cracóvia”, disse Audero, que também é autor de um guia com itinerários pelo Gueto de Cracóvia e pelo campo de Plaszow. “Diego colabora conosco como educador há muitos anos, é um guia muito preparado e que passou em todos os exames e cursos de formação. Só podemos salientar que Auschwitz deve ser um lugar de tolerância, não de discriminação”, declarou o porta-voz do Museu de Auschwitz, Bartosz Bartyzel.   

Apenas dois dias antes do ato xenófobo, a secretária de Educação da região de Malopolska, Barbara Nowak, havia dito no Twitter que achava “escandalosa” a presença de guias estrangeiros no antigo campo de extermínio e que o museu devia permitir apenas poloneses, para “apresentar o ponto de vista real da história e proteger a integridade” do país.   

Recentemente, o presidente Andrzej Duda sancionou uma lei que proíbe a associação da Polônia a crimes cometidos pelo regime nazista. Com isso, o uso de termos como “campo de concentração polonês”, por exemplo, fica sujeito a punições.   

A medida gerou críticas no mundo todo, principalmente em Israel, e acusações de “revisionismo histórico”. As penas previstas pela “Lei do Holocausto” podem chegar a três anos de prisão. (ANSA)