Nas eleições de 2022, os brasileiros votarão para renovar um terço das 81 cadeiras no Senado (27 senadores). Alguns deles, com mandatos a vencer no final do ano que vem, como José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE), vão pendurar as chuteiras. Outros, serão candidatos à reeleição, mas muitas caras novas se apresentarão, como é o caso de Tereza Cristina, ministra da Agricultura; Camilo Santana, governador do Ceará; e Renan Filho, governador de Alagoas. O lançamento dessas candidaturas vai incendiar as campanhas nos estados. Tereza vai tentar derrotar Simone Tebet, uma das musas da CPI, candidata no Mato Grosso do Sul. Camilo surge como opção para renovar o PT. Já Renanzinho vai procurar aposentar Collor, que quer se manter no Senado por Alagoas, mas tem a pecha de corrupto.

Resistência

O Senado tem sido um dos focos de oposição a Bolsonaro. O atual presidente, Rodrigo Pacheco, que ingressou no PSD, não tem deixado passar a boiada por lá, ao contrário da Câmara de Lira. Por isso, o capitão quer liberar seus ministros, como Fábio Faria (RN), Rogério Marinho (RN) e Tarcísio de Freitas (SP) para disputarem uma
vaga de senador.

Governadores

Outros governadores disputarão uma cadeira de senador. São os casos de Wellington Dias, Paulo Câmara, Flávio Dino e Rui Costa. O gaúcho Eduardo Leite pode tentar o Senado caso perca as prévias para Doria. Outro fato que chama a atenção é que o PSD de Kassab passou a ter os três senadores de Minas Gerais, com a filiação de Pacheco ao partido.

Limpando a ficha

Alan Marques

Valdemar da Costa Neto, dono do PL, está dando uma guinada na vida. Um dos arquitetos do mensalão de Lula, chegou a ser preso por ter ajudado a dilapidar os cofres públicos, mas voltou a circular em Brasília e, hoje, sustenta o governo no Congresso. O PL tem 43 deputados e um fundo eleitoral de R$ 153 milhões, o que faz os olhos de Bolsonaro brilhar. Se a filiação ao PP não der certo, ele vai para o PL.

Retrato falado

“Eu não pedi demissão” (Crédito: Pedro Ladeira)

Paulo Guedes balançou, mas não caiu. Na semana passada, a sua saída do ministério era dada como certa. Tanto que, na sexta-feira, 22, o dólar bateu em R$ 5,73 e a bolsa teve uma queda de 2,75%: as empresas perderam R$ 284 bilhões. Tudo porque Guedes topou furar o teto de gastos para pagar R$ 400 aos miseráveis do Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil. Para alavancar o pupilo, Bolsonaro foi ao ministério dar-lhe uma força. “Sairemos do governo juntos”, disse o capitão.

Fogo amigo

O desajuste fiscal já vinha provocando a disparada da inflação, a explosão da taxa dos juros e a queda brutal do PIB para 2022 (de 2,5% para 0,5%, segundo o Itaú). Mas, parafraseando Bolsonaro, para quem “nem tudo o que está ruim, não pode piorar”, estamos vendo o País derreter. E, para complicar ainda mais, os ministros políticos (leia-se Ciro Nogueira, Flávia Arruda e João Roma) lançam mão do chamado fogo amigo, deixando o circo em chamas. O próprio Guedes levantou a lebre, dizendo que gente do governo foi a São Paulo “pescar” um nome para substituí-lo: o ex-chefe do Tesouro, Mansueto Almeida, que hoje trabalha no BTG Pactual, poderoso banco de investimentos.

Ato falho

O ministro estava tão atormentado com a puxada de tapete que se traiu ao anunciar o nome de Esteves Colnago para o lugar do demissionário secretário do Tesouro, Bruno Funchal, chamando-o de André Esteves, que simplesmente é o dono do BTG Pactual e patrão de Mansueto. Esteves já foi chefe de Guedes.

Extremista preso

De forma acertada, o ministro Alexandre de Moraes (STF) determinou a prisão preventiva do blogueiro Allan dos Santos por ser um dos “chefes da quadrilha” de fake news que age no Brasil, a partir do exterior. O bolsonarista vive nos EUA para onde ele e a família foram, sem vistos, e contando com a proteção do deputado Eduardo Bolsonaro.

Pedro Ladeira

Medo de delação

Moraes pediu que ele seja extraditado para pagar pelos crimes dos quais é acusado: integrar grupos de milícias digitais, responsáveis por disseminar notícias falsas e tramar contra a democracia. A decisão está deixando a família presidencial em pânico. Temem que Allan possa fazer acordo de delação para deixar a prisão
e contar o que sabe.

Pastor sem rebanho

Gabriela Biló

Marcelo Crivella, bispo da Universal, não anda com sorte. Após ter sido preso, não consegue emplacar a indicação de Bolsonaro para a embaixada em Pretória, capital da África do Sul. O presidente Cyril Ramaphosa, do país africano, recusa-se a conceder o “agrément” (autorização para a posse de um embaixador). A igreja é suspeita de crimes financeiros na região.

Toma lá dá cá

Efraim Filho, líder do DEM na Câmara (Crédito: Keiny Andrad)

Qual a importância do União Brasil para a oposição a Bolsonaro?
O partido tem a audaciosa meta de em 2022 eleger o maior número de governadores, a maior bancada do Congresso e um projeto de protagonismo nas eleições nacionais, sendo alternativa aos que não querem “nem Lula e nem Bolsonaro”.

O partido já tem candidato a presidente?
Temos bons nomes para serem testados: o ex-ministro Henrique Mandetta e o apresentador José Luis Datena.

Haverá debandada de deputados após a fusão do DEM com o PSL?
Entre saídas e entradas, o saldo será positivo. Muitos parlamentares têm procurado o União Brasil para disputar as eleições 2022. As saídas já estão precificadas: sairão os que seguirão Bolsonaro para
o seu novo partido.

Rápidas

* Flávio foi condecorado pelo pai com a medalha da Ordem do Mérito Aeronáutico. Teria sido em razão da sua capacidade de multiplicar o patrimônio? Segundo o MP, ele comprou 19 imóveis com dinheiro das rachadinhas e adquiriu uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília.

* Bolsonaro só pensa na reeleição. Dará R$ 4 bilhões aos 750 mil caminhoneiros (R$ 400 por pessoa). O presidente quer acabar com a greve. No passado, incentivou-os a parar o País, causando o caos no governo Temer.

* A advogada de Bolsonaro, Karina Kufa, amiga íntima do deputado Eduardo, está fazendo lobby para ser alternativa à vaga de ministro do STF, caso André Mendonça seja rejeitado. Até assessor de imprensa renomado ela contratou.

* O Bradesco abrirá escritório em Portugal para atender os milhares de clientes que se mudaram para lá, principalmente porque os portugueses enfrentaram melhor o vírus: eles levaram milhares de euros para investir.