De Maui, Havaí *

A tensão entre o governo dos Estados Unidos e Huawei, principal fornecedora de infraestrutura 5G do mundo, não deve atrapalhar a expansão das novas redes de telecomunicações. Essa é a opinião de Cristiano Amon, presidente global da Qualcomm. Ele falou sobre o assunto em conversa com jornalistas durante o Snapdragon Summit.

“No caso da Qualcomm, estamos no lado dos dispositivos, e não da infraestrutura. Por isso, essa questão não nos afeta diretamente. Mas ficaríamos preocupados se notássemos que esses problemas estivessem afetando a expansão do 5G. Mas não estão. Independentemente dos problemas entre EUA e Huawei, o 5G já se expandiu ao longo deste ano em vários mercados”, comentou.

Em maio deste ano, os Estados Unidos decretaram um bloqueio comercial contra a Huawei. Desde então, empresas americanas estão proibidas de fazer negócios com a Huawei, a não ser em situações específicas estabelecidas por lei. Os EUA consideram a empresa chinesa um risco à segurança nacional por supostas ligações com o governo chinês. A empresa nega as acusações.

Amon comentou ainda a relação entre a Qualcomm e a Huawei. “Nossa relação com a Huawei é complexa. Ela é uma parceira, cliente, e em alguns casos competidora. E como qualquer outra empresa americana temos restrições em nossas ligações com ela”, disse.

5G no Brasil

Sobre a chegada do 5G ao Brasil, Amon vê com otimismo o andamento do processo. “Claro que gostaria que andasse mais rápido. Mas ficamos otimistas ao ver que já há uma data para o leilão, e uma visão das frequências a serem leiloadas”. Em tese, o leilão no Brasil acontecerá no primeiro trimestre de 2020, mas é possível que seja adiado para o segundo semestre.

Para Amon, os aparelhos 5G podem chegar antes das redes. “Em conversas com operadoras, já vemos interesse em lançar smartphones com suporte para 5G. Quem compra um smartphone premium normalmente fica com este aparelho por 4 ou 5 anos, e nesse tempo certamente o 5G vai chegar a esses países”.

Para Amon, uma barreira que existe não só no Brasil, mas em outros países e mesmo nos EUA, é a lentidão dos órgãos governamentais para aprovar a instalação de novas antenas. O executivo argumenta que este problema pode ser superado com o compartilhamento de infraestrutura. “Sinais de trânsito convencionais, por exemplo, em algum momento serão aprimorados para funcionar como sinais inteligentes, dentro do conceito de cidades inteligentes. Este novo sinal de trânsito pode servir também como um ponto para equipamentos 5G. Mas pra isso é preciso que as operadoras também tenham acesso aos sinais”, explica.

* O jornalista viajou a Maui a convite da Qualcomm