Oditador e carrasco comunista Josef Stalin, que comandou a extinta União Soviética de 1922 a 1953, adorava propagandear o seu obscuro regime de governo com muitos filmes – e também com muitas mentiras. Segue o mesmo enredo o presidente russo, Vladimir Putin. Na semana passada, em meio a novos bombardeios na Síria com a sua cumplicidade e em defesa de seu colega Bashar Assad (morreram em Aleppo cerca de 500 civis), Putin visitou o Cazaquistão, reuniu-se com o presidente Nursultan Nazarbayev e deu a ele uma cópia do filme “Dvadtsat vosem panfilovtsev” (“A batalha dos 28”), produzido sob sua orientação. Uma mentira puxa outra: Putin fez o anfitrião acreditar que tal filme é cópia fiel de um longa-metragem de 1941, relatando a bravura de soldados do Cazaquistão que teriam destruído 18 tanques nazistas antes de serem massacrados na batalha de Dubosekovo, na Segunda Guerra Mundial. Essa é a primeira mentira porque o filme a que eles assistiram não tem nada a ver com o anterior. A segunda é que não houve nenhum heroísmo na batalha em questão, os soldados comunistas não destruíram tanque algum, simplesmente desertaram. O famoso “relatório secreto de 1948” sobre a participação soviética na guerra, divulgado recentemente em sua totalidade, anota que a batalha retratada foi um fiasco, e que por ordem de Stalin fez-se um filme ao contrário para enaltecimento da ditadura comunista. Sem a menor criatividade, Putin repete o truque stalinista, valendo-se de igual filme falso. E de idênticas mentiras na tentativa de inflar o orgulho nacional dos russos. Com o mesmo intuito, Putin anunciou unilateralmente que visitaria Paris para prestigiar a inauguração de uma nova catedral ortodoxa e, estando lá, se reuniria com o presidente François Hollande. Ao dizer o que bem quis, ouviu aquilo que não queria: Hollande declarou que só o receberia se fosse para discutir a paz na Síria. Putin imediatamente cancelou a viagem.

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