Os massacres em andamento na Faixa de Gaza estão ditando o clima da abertura do 82º Festival de Cinema de Veneza, na Itália, que acontece nesta quarta-feira, 27. A tradicional premiação, acostumada ao glamour das estrelas de cinema, está sendo palco de manifestações contra os conflitos na região.
Uma das principais mostras da sétima arte no mundo, o evento não terá a presença da atriz israelense Gal Gadot, estrela do filme “In the hand of Dante”, de Julian Schnabel. Ativistas pedem que seja retirado o convite a outro astro do mesmo longa, o ator escocês Gerard Butler, por já ter participado de campanha de arrecadação de fundos para as Forças de Defesa de Israel (IDF).
Em meio a uma forte mobilização, uma carta aberta da Venice4Palestine coletou mais de 1,5 mil assinaturas de artistas, jornalistas e ativistas italianos e internacionais, levando dom Nandino Capovilla, pároco de Marghera e ex-coordenador da Pax Christi, a realizar o discurso na cerimônia de pré-abertura do evento. O pároco havia sido parado no aeroporto de Tel Aviv e expulso de Israel em 12 de agosto.
Em seu discurso, o religioso declarou que o mundo está assistindo a uma enclave palestino que pode ser interrompido, mas que pouco tem sido feito.
“Podemos parar de enviar armas a Israel, podemos persuadi-lo a respeitar a lei e a permitir que as agências da ONU, coordenadas pelo Ocha, voltem para ajudar uma população exausta; podemos perceber que, até que a ocupação termine, é absurdo e hipócrita repetir o refrão de ‘dois povos, dois Estados'”, declarou o padre.
Diretor do Festival de Veneza, Alberto Barbera afirmou que a decisão de permitir o discurso do ex-coordenador da Pax Christi foi importante devido ao momento em que “nos encontramos impotentes diante de um massacre que não podemos justificar”.
A abertura da mostra de cinema contará com a presença de Paolo Sorrentino, diretor de “La grazia”, um dos cinco filmes italianos que concorrem ao Leão de Ouro e que abre a competição.