O economista Paulo Guedes, coordenador do programa econômico de Jair Bolsonaro (PSL), afirmou ao Estado que defende a cláusula de votação em bloco para partidos políticos há anos e que ela é “uma rota para sair da corrupção sistêmica”. Segundo ele, seu posicionamento não é “nada secreto” e foi tema de conversa com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), em encontro há cerca de seis meses.

“(É uma forma de) Sair da compra de votos mercenários no varejo para votos partidários no atacado, valorizando os programas dos partidos”, afirmou.

Segundo edição de ontem do jornal O Globo, Guedes reuniu-se com Maia para tratar sobre a adoção do que ele chamou de “voto programático de bancada”, onde todos os votos de uma bancada seriam computados integralmente a favor de um projeto se mais da metade dos parlamentares daquele partido votarem a seu favor.

Guedes contestou a notícia, dizendo que se trata de uma “leitura equivocada” de sua proposta. Ele afirmou que, ao ouvir sua sugestão, Maia argumentou que isso já existe na forma do “fechamento de questão com fidelidade partidária”.

De acordo com Guedes, ele nunca pensou em propor que fosse anulado o voto de deputado contrário à orientação partidária, mas que seja aplicada de fato a fidelidade partidária.

Atualmente, partidos “fecham questão” sobre temas que consideram cruciais, orientando o voto de sua bancada no Congresso. As legendas podem até punir posteriormente os parlamentares que decidam votar contra essa orientação, mas o voto dissidente é computado no plenário conforme a escolha do congressista.

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Segundo Guedes, a ideia é que a cláusula seja usada somente para matérias de natureza econômica e administrativa. “Nunca para sexo, religião, aborto e todos os assuntos de consciência individual”, disse.

Ontem, Maia disse ao Estadão/Broadcast que nunca tratou com Guedes sobre mudanças no sistema de votação da Casa dando “superpoderes de partidos”. Ele afirmou também não conhecer o teor da proposta. “Não posso falar sobre o que não conheço. Pela imprensa, parece uma ideia ruim.”

Pragmatismo

Como mostrou o Estado, em conversas fechadas que vem mantendo com investidores e gestores de fundos nas últimas semanas, Guedes tem reafirmado o caráter liberal de seu projeto, mas buscado dar uma visão mais pragmática sobre o que pode ser feito. Num desses eventos, Guedes transmitiu a mensagem de que não é possível deixar de lado a composição com partidos tradicionais e que um governo Bolsonaro precisará fazer acordos, por exemplo, com siglas do Centrão. Ele mencionou, de acordo com o relato de uma fonte presente, que há um caminho para interlocução com Maia.

Apartamento

Bolsonaro foi transferido ontem da unidade de tratamento semi-intensivo para um apartamento do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde ele está internado desde o último dia 7. O candidato do PSL pretende intensificar a sua participação na campanha por meio das mídias sociais.

Apesar de ter sido alertado pelos médicos da necessidade de se preservar, Bolsonaro quer intensificar a gravação de vídeos para mostrar sua recuperação e rebater o que considerar informação negativa contra ele. O boletim médico divulgado ontem diz que o presidenciável tem melhora clínica progressiva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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