Gucci faz desfile surpreendente com 68 gêmeos em Milão

MILÃO, 24 SET (ANSA) – A grife italiana Gucci surpreendeu a Semana de Moda de Milão na última sexta-feira (24) ao apresentar sua coleção de primavera-verão 2023 com 68 irmãos gêmeos – 50 meninas e 18 meninos – vestidos iguais com as roupas da marca.   

Com peças vibrantes e contagiantes, o diretor criativo da grife, Alessandro Michele, dedicou o desfile às suas “duas mães” e revelou a surpresa ao público apenas no final do desfile.   

Batizada como “Twinsburg”, a coleção tem como raiz a relação de Michele com sua mãe e sua gêmea, que, segundo ele, só conseguiram compreender a vida pela presença uma da outra.   

“Foi um trabalho pessoal e universal, uma reflexão sobre a alteridade, sobre o outro que vive dentro e fora de nós, sobre a relação entre os dois”, contou Michele.   

Na entrada, os convidados foram distribuídos para duas salas distintas, divididas por um painel que é uma multiplicação de retratos de rostos em preto e branco, mas no final do espetáculo a cortina subiu, revelando a outra metade do espaço, onde modelos absolutamente idênticos desfilavam.   

“No final eu chorei e quase nunca faço isso. Talvez porque agora fazer as coisas seja mais intenso do que antes e tentar fazê-lo de forma significativa exige muita paixão. Com a política que é um desastre, guerra, mudança climática há quem me pergunte por que faço isso, mas acho que a única arma que temos é empurrar para imaginar outra coisa, e não se trata de roupas ou bolsas, mas de seres humanos”, explicou ele.   

Segundo Michele, “não é por acaso que ser duplo é poderoso, quando somos dois somos mais fortes”.   

Encontrar 68 pares de gêmeos com as características certas levou meses de trabalho, mas “as roupas pareciam mais poderosas em dois corpos”, acrescentou.   

Antes do desfile começar, Marianne Faithfull, ícone dos anos 60, fez referência a música “Identical Twins” de Mary-Kate e Ashley Olsen. “Somos gêmeas, somos gêmeas, sim, senhor. Eu sou eu, ela é ela, exceto quando finjo que sou ela. E quando mudamos, você não pode dizer qual é qual. Você não sabe com quem está falando, porque somos gêmeas idênticas”.   

A coleção é uma oscilação entre vestidos orientais e camisas com estampas, entre joias e bolsas burguesas, estampas florais e pop manchadas, referências dos anos 80 e ecos dos anos 90, vestidos com babados e jaquetas de couro. “É um poderoso convite à liberdade, especialmente em um momento como este em que “o pavio da bomba parece já aceso”, concluiu Michele, citando a imagem impressa em sua camiseta. (ANSA)