A apuração dos votos das eleições gerais da Guatemala avança lentamente, após a votação de domingo (26) que registrou distúrbios isolados, uma elevada taxa de abstenção e pedidos de respeito ao resultado das urnas.

Os guatemaltecos votaram sem grandes expectativas de superar a pobreza, violência e corrupção que afetam o país para escolher o próximo presidente entre 22 candidatos, após uma campanha marcada pela exclusão de candidatos e perseguição a jornalistas.

Quase 3.500 centros de votação foram instalados no país para receber os votos de 9,4 milhões de eleitores registrados, mas o índice de participação foi de apenas 57%, de acordo com os dados oficiais preliminares.

Cinco horas após o fim da votação, com 57% das urnas apuradas, a candidata social-democrata Sandra Torres liderava a eleição presidencial com 14,97% dos votos, seguida pelo também social-democrata Bernardo Arévalo com 12,18%.

Em terceiro lugar aparece o candidato governista de direita Manuel Conde (8,17%), seguido pelo empresário de direita Armando Castillo (apoiado por um partido evangélico, com 7,40%) e pelo candidato centrista Edmond Mulet (6,97%), de acordo com o resultado parcial divulgado pelo portal do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).

“Não é momento de cantar vitória, somos prudentes”, disse Arévalo, filho do presidente reformista Juan José Arévalo (1945-1951), que surpreendeu na fase inicial da apuração, pois não estava entre os sete candidatos considerados favoritos pelas pesquisas.

Se nenhum candidato conquistar a maioria absoluta dos votos, o país terá um segundo turno em 20 de agosto.

Torres, que foi derrotada no segundo turno em 2015 e 2019, expressou confiança de avançar ao segundo turno e conquistar a presidência.

“Com quem for (o segundo turno) vamos ganhar, nós estamos liderando com mais de 15% neste momento”, declarou a ex-primeira-dama. “Estamos prontos, preparados e com vontade de vencer”, acrescentou.

Além da taxa de participação de apenas 57%, a eleição registra um índice elevado de votos nulos (17,50%) e brancos (7,14%), um reflexo do desinteresse e desconfiança no processo eleitoral. O voto é facultativo na Guatemala e a reeleição é proibida.

Torres denunciou que o partido governista Vamos “comprou votos” e pediu ao presidente de direita Alejandro Giammattei que cumpra a promessa de respeitar os resultados das eleições.

“Onde está a transparência se o partido governista está comprando votos?”, questioniu a ex-esposa do falecido presidente Álvaro Colom (2008-2012).

Mulet também citou problemas nas eleições. “Recebemos relatos um pouco preocupantes”, disse o candidato.

– Distúrbios –

O TSE registrou cinco incidentes. Em dois deles houve confrontos entre moradores e policiais, que lançaram gás lacrimogêneo para dispersar os protestos, motivados por supostas irregularidades nas eleições.

Os distúrbios ocorreram em San José del Golfo, onde a votação foi suspensa, e em San Martín Zapotitlán, segundo o órgão eleitoral.

Giammattei não comentou as denúncias de supostas irregularidades e culpou grupos opositores de terem estimulado a violência.

O presidente chega ao fim do mandato de quatro anos com 76% de desaprovação, segundo as pesquisas.

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