Pep Guardiola completou neste sábado sua missão pelo Manchester City após vencer a Inter de Milão. Contratado em 2016 pelo clube inglês, tinha como uma de suas missões profissionais levar o time à conquista inédita da Liga dos Campeões. Após diversos fracassos e frustrações, o treinador volta a vencer a competição após 12 anos e se torna o primeiro da história a conquistar a tríplice coroa por dois clubes diferentes.

A atual temporada europeia do City foi diferente. Guardiola, ainda em 2022, chegou a afirmar que seus jogadores haviam perdido a vontade de ganhar, após anos dominando o futebol inglês. Antes dos títulos deste ano, o time já havia vencido quatro vezes o Campeonato Inglês. Na Liga dos Campeões, porém, ainda ficara marcado pelas eliminações em sequência.

Em 2017, o City foi despachado pelo Monaco, ainda nas oitavas de final. Entre 2018 e 2020, a queda foi nas quartas de final, diante do Liverpool, Tottenham e Lyon, respectivamente. Em 2022, o time inglês foi eliminado na semifinal pelo Real Madrid. Em 2021, chegou perto, mas perdeu a decisão para o Chelsea. O treinador foi questionado se conseguiria repetir o feito dos anos de Barcelona, quando conquistou dois títulos da Liga dos Campeões em quatro temporadas.

Antes da decisão, Guardiola disse que seu trabalho no City só seria validado caso conquistasse a competição europeia. “Não concordo com essa visão, mas é o que acontece”, afirmou, em entrevista ao canal oficial do clube. Ao longo dos últimos sete anos, o treinador moldou o time à sua maneira. A chegada de Haaland, no início desta temporada, era uma das peças que faltava em um esquema tático preparado para entregar a bola ao centroavante.

“Ter Messi antes e Haaland agora: esse é meu sucesso. Ter bons jogadores”, respondeu o treinador em entrevista coletiva antes da decisão. Com exceção do norueguês e Jack Grealish, contratados a peso de ouro por Guardiola, o City se moldou com nomes menos valorizados no mercado. É o caso de Rodri, Bernardo Silva, Aké, entre outros, que foram importantes para a conquista da tríplice coroa nesta temporada – venceu também o Campeonato Inglês e a Copa da Inglaterra.

A derrota para o Chelsea, em 2021, também moldou essa equipe, que manteve sua base nas temporadas seguintes. No último ano, a eliminação para o Real Madrid foi ainda mais dolorosa, já que até os 46 minutos da segunda etapa o City estava classificado à final. “Esta competição (Liga dos Campeões) me deu momentos muito tristes, mas também momentos lindos, que me lembrarei para sempre.”

A vitória sobre a Inter de Milão neste sábado consolida o projeto de Guardiola. Seu trabalho no City é o mais longo da carreira. No último ano, renovou seu vínculo até junho de 2025. Caso fique até o final, completará nove anos no clube, pelo qual já demonstrou seu amor e carinho em diversas oportunidades.

Em meio a investigações do Campeonato Inglês e Uefa sobre o fundo dos Emirados Árabes Unidos que comprou o clube em 2008, Guardiola sempre demonstrou sua confiança sobre a direção. Chegou a afirmar que deixaria o clube caso as justificativas não fossem convincentes ou se o City realmente viesse a ser punido por corrupção no esporte. Nesta temporada, inclusive, o time engatou importante sequência de vitórias após o Campeonato Inglês anunciar que estava investigando os contratos firmados pelo clube na última década.

Talvez o City de 2022/2023 não seja o melhor time da carreira de Guardiola, mas se equipara em resultados ao Barcelona de 2008/2009, quando conquistou a tríplice coroa em seu primeiro ano no clube. Por outro lado, os comandados do catalão na Inglaterra provaram que o treinador pode maturar suas ideias: abriu mão de um esquema tático de 4-3-3 para o 3-2-4-1 nesta temporada, em meio a desfalques, principalmente nas laterais, ao longo da temporada.