Guarda Costeira da Líbia matou 3 migrantes, acusa OIM

ROMA, 28 JUL (ANSA) – Três sudaneses foram assassinados e outros quatro ficaram feridos durante uma operação de desembarque em Al-Khums, na Líbia, na madrugada desta terça-feira (28), denunciou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).   

Os deslocados internacionais tentavam cruzar o Mediterrâneo rumo à Europa, mas foram interceptados pela Guarda Costeira do país africano e levados para terra firme. No entanto, segundo a OIM, os oficiais líbios “começaram a disparar” quando “alguns migrantes tentaram fugir”.   

Dois deles morreram na hora, enquanto o terceiro faleceu no hospital algumas horas depois. Já os sobreviventes foram levados em centros de detenção. “Mais uma vez, o uso de violência excessiva causou mortes sem sentido, em um contexto caracterizado por uma falta de iniciativas para mudar um sistema que frequentemente não é capaz de garantir qualquer tipo de proteção”, disse o chefe da missão da OIM na Líbia, Federico Soda.   

A Guarda Costeira do país africano é treinada, equipada e financiada pela Itália, em um controverso acordo assinado em 2017, na gestão do então primeiro-ministro social-democrata Paolo Gentiloni, e que levou a uma drástica redução no número de migrantes e refugiados que atravessam o Mediterrâneo.   

Essa Guarda Costeira é formada pelas mesmas milícias que dão sustentação ao primeiro-ministro Fayez al-Sarraj, cujo “governo de união nacional” controla apenas a porção ocidental do país, incluindo a capital Trípoli.   

A corporação é acusada por ONGs e agências internacionais de violar os direitos humanos de migrantes e refugiados e de prendê-los em “campos de concentração” na Líbia. Há duas semanas, o Parlamento da Itália aprovou um novo financiamento para a Guarda Costeira do país africano.   

“É necessário implantar um sistema alternativo que permita que as pessoas socorridas ou interceptadas no mar sejam levadas para portos seguros”, disse o chefe da missão da OIM. Ao equipar a Guarda Costeira da Líbia para realizar resgates no Mediterrâneo, a Itália faz com que as pessoas socorridas voltem para o país africano, que não existe hoje enquanto Estado unificado.   

Por conta disso, ONGs costumam deslocar navios para monitorar a costa da Líbia em busca de migrantes e refugiados correndo riscos em barcos superlotados para levá-los a portos seguros.   

(ANSA).