O líder opositor venezuelano Juan Guaidó viajou de surpresa para a Colômbia por ocasião da conferência internacional convocada em Bogotá para desbloquear o diálogo entre a oposição e o governo de Nicolás Maduro.

Sem convite para a cúpula, Guaidó atravessou a fronteira a pé com uma série de pedidos para os representantes de 20 países, inclusive dos Estados Unidos, que se reunirão nesta terça-feira na capital colombiana. A reunião visa gerar propostas para reativar as negociações que começaram na Cidade do México em agosto de 2021, mas entraram em ponto morto em novembro.

“Acabo de chegar à Colômbia, da mesma forma que milhões de venezuelanos fizeram antes de mim, a pé”, disse Guaidó, considerado pelos Estados Unidos, entre janeiro de 2019 e 2023, o presidente encarregado de seu país após a contestada reeleição de Maduro um ano antes.

“Espero que a cúpula possa garantir que o regime de Maduro volte à mesa de negociações no México e seja acordado um cronograma confiável para a celebração de eleições livres e justas como solução para o conflito. Nossa luta é para que os direitos dos venezuelanos valham”, disse.

Guaidó, que está proibido de deixar a Venezuela desde 2019, não foi convidado para a cúpula, reiterou o chanceler colombiano, Álvaro Leyva, que acusou o líder da oposição venezuelana de entrar “de maneira inapropriada” no país.

“Se ele não comparecer, corre um risco porque entrou de forma inadequada e na Colômbia cumprimos a lei”, disse Leyva à imprensa.

De fato, Guiadó não passou pela imigração ao entrar na Colômbia, segundo uma fonte.

– “Espaço de encontro” –

A Colômbia foi o principal aliado de Guaidó na região quando foi governada pelo antecessor de Gustavo Petro, o direitista Iván Duque, que rompeu relações diplomáticas com Maduro.

Petro reverteu este processo e tem ocupado um lugar de protagonismo no processo de negociação política na Venezuela. Na quinta-feira passada, pediu à contraparte americana, o presidente Joe Biden, a suspensão gradativa das sanções que Washington mantém contra Caracas com o compromisso de que as eleições presidenciais de 2024 sejam realizadas com garantias.

Assim como Guaidó, o governo do presidente Maduro também não foi convidado para participar da cúpula.

“A conferência é um espaço de encontro com parte da comunidade internacional”, afirmou a chancelaria colombiana, que reunirá representantes da Alemanha, Argentina, Barbados, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Honduras, Itália, México, Noruega, Portugal, Reino Unido, São Vicente e Granadinas, África do Sul e Turquia, além de Joseph Borrell, chefe da diplomacia europeia.

“Vou solicitar uma reunião com as delegações internacionais que estarão presentes. Vou me encontrar com a diáspora venezuelana”, havia dito Guaidó.

“Não vou parar de denunciar os crimes contra a humanidade cometidos pelo regime de Maduro. Exijo a liberdade dos quase 300 presos políticos que permanecem nos calabouços, que parem de perseguir minha família, minha equipe e os que lutam por uma Venezuela melhor”.

– Risco –

Não está na agenda um encontro com Petro, que recebeu no sábado uma delegação da Plataforma Unitária, que representa a oposição na mesa de negociações no México.

Guaidó, que almeja ser o candidato da oposição nas primárias previstas para 22 de novembro, planeja seguir viagem por outros países.

“Apesar do risco que envolve sair novamente para buscar apoio do mundo para os venezuelanos, como já fiz antes, não vou deixar de fazê-lo”, declarou Guaidó, que está sendo submetido a várias investigações criminais na Venezuela.

As datas da viagem foram mantidas em sigilo por questões de segurança, segundo fonte do seu gabinete, que insistiu no regresso do dirigente à Venezuela, embora ainda sem data marcada.

“Ele não será candidato no exterior”, acrescentou.

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