CARACAS, 23 JAN (ANSA) – O opositor e líder da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, se autoproclamou nesta quarta-feira (23) presidente “encarregado”, assumindo o governo no lugar de Nicolás Maduro. Guaidó fez o anúncio diante de centenas de apoiadores, em um manifestação em Caracas, na capital. Desde a noite de ontem, vários protestos vêm ocorrendo pela Venezuela, organizados pela oposição e com grande participação popular, os quais pedem o fim do governo Maduro.   

A Assembleia Nacional, de maioria opositora, considera o governo de Maduro – iniciado em 10 de janeiro – como ilegítimo. Com uma mão erguida, em posição de juramento, Guaidó disse que “assume formalmente a responsabilidade do Executivo”.   

“Sabemos que haverá consequências”, destacou, mas justificou a decisão pelo “fim da usurpação, por um governo de transição e por eleições livres”.   

Mais cedo, fontes do governo norte-americano disseram que Donald Trump estava disposto a reconhecer ainda hoje Guiadó como presidente da Venezuela. Guaidó é um dos principais líderes da oposição e adversário de Maduro. Ele já disse publicamente que pretende convocar novas eleições, o que lhe rendeu o apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA).   

Protestos Ao menos cinco pessoas morreram nos protestos iniciados na noite de ontem (22) e ainda em curso na Venezuela, informaram as autoridades locais. De acordo com o Ministério Público da Venezuela, quatro pessoas morrera durante confrontos na madrugada no estado de Bolívar. A quinta vítima é um jovem de 16 anos, identificado como Alixon Pisani, atingido por um tiro em Cata, um bairro da capital Caracas.   

Por sua vez, a ONG local Foro Penal Venezolano (FPV) informou que 43 pessoas foram presas nos protestos e que há relatos de “vários feridos” nas últimas 48 horas. As manifestações foram convocadas pela oposição e pedem a derrubada do governo de Nicolás Maduro, que tomou posse em 10 de janeiro, apesar de ser considerado ilegítimo pela oposição e criticado por vários países.   

A Venezuela enfrenta uma grave crise política, econômica e social, com escassez de alimentos e medicamentos, o que levou milhares de venezuelanos a imigrarem do país. A fome e a desnutrição atinge grande parte da população. Um dos protestos ocorreu na Praça João Paulo II, em Caracas. Mas há relatos em várias partes do país de confrontos entre manifestantes e policiais, que usam gás lacrimogêneo. Além da capital, os venezuelanos saíram às ruas em Barquisimeto, Maracaibo, Barinas e San Cristobal. Ao mesmo tempo, estão ocorrendo três marchas em Caracas de simpatizantes e apoiadores de Maduro, o que eleva a tensão no local.   

(ANSA)