O líder da oposição, Juan Guaidó, fez uma convocação neste domingo (27) para protestos na Venezuela em apoio aos educadores que exigem melhores salários, após registrar manifestações espontâneas no oeste do país, que deixaram cerca de trinta detidos em meio à pandemia.

“Hoje acompanho este apelo do setor educacional e peço a toda Venezuela que acompanhe então no dia 5 de outubro o setor educacional para que exerça seu direito de protesto”, disse Guaidó, chefe parlamentar reconhecido como presidente da Venezuela por cerca de cinquenta países.

Professores venezuelanos exigem melhorias salariais em meio a uma hiperinflação voraz e denunciam os deficientes serviços de telecomunicações e internet que dificultam o ensino a distância neste ano letivo, cujas aulas presenciais foram suspensas até o final do ano por causa da covid-19.

“Convido toda a Venezuela a se levantar, a resistir, a exigir!”, disse o dirigente durante um ato transmitido nas redes sociais.

Guaidó disse ainda “acompanhar” o estado de Yaracuy, onde no sábado ocorreram quatro dias consecutivos de manifestações exigindo melhorias no fornecimento de serviços públicos em estado precário, como água encanada e gás doméstico, que acabaram sendo dispersados por agentes de segurança.

A Foro Penal, uma organização de defesa dos direitos humanos, contabilizou 31 pessoas presas durante as manifestações dos últimos dias em Yaracuy. As autoridades não comentaram as prisões.

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Foi “um ato absolutamente espontâneo” que não atendeu a convocatórias partidários, garantiu à AFP a deputada oposicionista Adriana Pichardo.

Isso ocorre em meio a uma quarentena em vigor na Venezuela desde março para frear o avanço do novo coronavírus.

Desde então, a crise social se agravou, embora as manifestações políticas tenham perdido força, segundo o Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS).

Na Venezuela, segundo a OVCS, ocorreram mais de 4.000 manifestações durante o primeiro semestre de 2020, a maioria reivindicando direitos básicos como alimentação ou melhorias nos serviços públicos. Os protestos deixaram mais de cem detidos, dezenas de feridos e quatro mortos.


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