27/09/2022 - 18:18
ROMA, 27 SET (ANSA) – As autoridades pró-Rússia informaram que os referendos de anexação nas regiões ucranianas de Lugansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson tiveram vitórias do “sim” após a apuração finalizada nesta terça-feira (27).
Nas duas primeiras, ambas localizadas na área do Donbass e que já se autodeclaram repúblicas, os percentuais de aprovação foram de 98,52% e de 94,75%, respectivamente. Já nas outras duas, ao sul da Ucrânia, os eleitores deram aprovação para a independência e anexação com 93,11% e 87,05%.
No entanto, nenhum organismo internacional ou país reconheceu a realização dos referendos, chamados de farsas tanto pela Ucrânia como por outras potências mundiais. Até mesmo a China, em uma crítica indireta ao aliado russo, afirmou nos últimos dias que a integridade territorial dos países deve ser “respeitada”.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que os referendos de anexação feitos são “um crime”.
“As pessoas foram obrigadas a votar enquanto eram ameaçadas com as armas e os resultados foram preparados com grande antecipação. Cada anexação é um crime. A anexação coloca Putin sozinho em frente a toda a humanidade”, disse em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.
O mandatário ainda acrescentou que, depois desse ato, não há mais nada para debater com o líder russo, Vladimir Putin.
“A Rússia despreza já há tempos a Carta das Nações Unidas. A Rússia infringe todas as regras desse mundo. É só uma questão de tempo para que destrua essa última instituição internacional que ainda pode agir. A exortação é para agir agora”, acrescentou aos presentes.
A própria ONU se manifestou nesta terça afirmando que os referendos são “ilegais”.
“Eles ocorreram durante um conflito armado ativo, em áreas sob controle de Moscou, fora do quadro jurídico e constitucional da Ucrânia. Não podem ser definidos como uma expressão genuína da vontade popular”, disse a chefe de Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo.
“Ações unilaterais para tentar dar uma pátina de legitimidade à tentativa de aquisição à força por parte de um Estado do território de outro Estado não podem ser consideradas legais no direito internacional”, acrescentou.
O Kremlin se defende dizendo que os processos foram “transparentes”, mas é consenso internacional que Moscou realizou os referendos para tentar ampliar os conflitos – já que agora qualquer tentativa de Kiev de retomar as áreas sob controle russo desde fevereiro pode ser considerado um ataque direto à Rússia. (ANSA).