Grupos português e espanhol apresentam proposta para leilão do túnel Santos-Guarujá

Os grupos Mota-Engil, de origem portuguesa e atuante em construção civil e obras públicas, e Acciona, conglomerado espanhol de infraestrutura e energia renovável, apresentaram propostas para o leilão do túnel imerso Santos-Guarujá na sede da B3 nesta segunda-feira, 1º, segundo pessoas ouvidas pelo Estadão/Broadcast.

A Mota-Engil tem entre seus acionistas a China Communications Construction Company (CCCC), que detém cerca de 32,4% do capital da companhia. Já a Acciona é responsável pela Linha 6 do Metrô de São Paulo, ainda em construção. A empresa opera também no setor de saneamento, com concessões no Paraná e Espírito Santo, por exemplo, enquanto tem participado de leilões de rodovias.

O leilão do túnel Santos-Guarujá está marcado para sexta-feira, 5, conforme decisão recente do Tribunal de Contas da União (TCU), que manteve o cronograma após mediação do presidente, Bruno Dantas, com o governo paulista e a Autoridade Portuária de Santos (APS).

Empresas apresentaram propostas para o leilão do túnel imerso Santos-Guarujá na sede da B3 nesta segunda-feira, 1º

Segundo o secretário de Parcerias em Investimentos de São Paulo, Rafael Benini, a mudança da data do certame – inicialmente previsto para 1º de agosto – para 5 de setembro ocorreu a pedido de interessados após roadshow na Europa realizado por ele e pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A declaração foi dada em entrevista ao programa Papo com Editor, do Broadcast Político.

O investimento total está estimado em R$ 6,8 bilhões, dos quais até R$ 5,1 bilhões virão de aportes públicos divididos igualmente entre Estado e União.

Em discussão há um século, o túnel Santos-Guarujá é uma demanda histórica dos moradores das duas cidades do litoral paulista. A expectativa é reduzir a travessia para poucos minutos e otimizar o fluxo logístico do Porto de Santos. O empreendimento será o primeiro do tipo imerso no Brasil, com 1,5 km de extensão – 870 metros deles submersos.

O contrato, estruturado em parceria público-privada (PPP), terá duração de 30 anos e envolverá construção, operação e manutenção da infraestrutura. O projeto integra o Novo PAC do governo federal.

Antes mesmo de sair do papel, a obra já se tornou alvo de disputa de narrativa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Publicamente, ambos exaltam a cooperação entre União e Estado; nos bastidores, contudo, aliados de cada lado disputam a paternidade política do empreendimento.