Grupos favoráveis ao impeachment cogitam recorrer à Justiça para ter exclusividade na ocupação da orla de Copacabana, zona sul do Rio, local que escolheram para acompanhar em telões a votação do impedimento da presidente Dilma Rousseff. O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua não aceitaram a decisão do governo do Estado de permitir ato contrário ao afastamento da presidente, organizada pela Frente Brasil Popular, também na avenida Atlântica durante a manhã.

“Ainda estamos contando com o bom senso do governo estadual e acreditamos que essa decisão será revista. Mas temos cartas na manga para usar caso seja necessário”, disse Adriana Baltazar, do Vem Pra Rua. O grupo alega ter protocolado ofício de solicitação do espaço antes da Frente Brasil Popular e sustenta que o protesto em defesa de Dilma é ilegal por frustrar outra manifestação previamente agendada. Uma das alternativas é pedir à Justiça, por meio de mandado de segurança, a proibição do ato pró-Dilma.

A decisão de manter os dois atos no mesmo local foi comunicada na manhã desta sexta, 15, durante reunião no Quartel General da Polícia Militar (PM). O MBL e o Vem Pra Rua saíram do encontro para consultar advogados. “Não discutimos nada. Apenas fomos comunicados sobre como será no domingo. Foi uma situação imposta”, afirmou Thomaz Albuquerque, do MBL.

A concentração do movimento contra o impeachment começará às 9h no Posto 3 e terminará às 13h no Posto 1, no Leme, canto esquerdo da praia. Ficou acertado que os manifestantes da Frente Brasil Popular não poderão fechar a avenida Princesa Isabel, que liga Copacabana à Botafogo. Após o encerramento do ato, os defensores da presidente Dilma deverão para a Lapa, no Centro, onde acompanharão a votação.

O ato do MBL e do Vem Pra Rua começará às 15h no Posto 6. De acordo com os organizadores, não haverá passeata, apenas o acompanhamento da votação em telões. Uma barreira física e outra de policiais ficará na altura do Posto 3, inclusive na areia da praia, separando os dois grupos. A preocupação dos órgãos de segurança é com a dispersão do primeiro protesto simultaneamente ao início do segundo.

Para a Frente Brasil Popular, a decisão garante a liberdade de manifestação e o acesso ao espaço público. “O acordo ficou bom. Vamos começar mais cedo e caminhar em uma direção. Eles vão iniciar mais tarde e ficar na outra ponta da praia”, disse José Carlos Madureira, da Frente Brasil Popular.

O protesto contra o impeachment terá um carro de som da Furacão 2000, promotora de bailes funk. Rômulo Costa, dono da equipe, disse que pesquisas mostraram a ausência de favelados nas manifestações até o momento. “Isso mudará no domingo”, garantiu. “O povo das comunidades vai descer para a praia e deixar a mensagem de que somos contra o golpe”, disse ele, para quem moradores das favelas da Rocinha, Vidigal, Cantagalo, Pavão-Pavãozinho, Ladeira dos Tabajaras, Babilônia e Chapéu-Mangueira, todas na zona sul, descerão “em peso para a manifestação”.