O Conselho para a Transição Democrática de Cuba, opositor ao governo, enviou uma carta a um comitê da ONU pedindo que interceda junto a Havana pela anistia dos mais de 600 presos políticos da ilha.

Em carta enviada a Erdogan Iscan, relator do Comitê da ONU contra a Tortura, datada de 5 de dezembro e enviada à AFP nesta segunda-feira (6), o grupo de oposição pede que seja exigido “do governo cubano a libertação imediata e incondicional de todos os presos, livres de acusações, assim como a promoção de uma Lei de Anistia Política”.

Em Cuba, toda oposição é ilegal e o governo acusa os dissidentes de serem financiados pelos Estados Unidos.

A carta destaca as más condições em que o presidente do Conselho, José Daniel Ferrer, está detido desde o último 11 de julho. Em 2003, ele estava entre os 75 presos da chamada Primavera Negra.

Ferrer “está em condições físicas ruins, temendo até mesmo por sua vida”, denuncia a carta, acrescentando que ele “foi submetido a torturas” e está “em péssimas condições que colocam em risco sua integridade”.

Cuba termina um ano marcado por protestos, que tiveram sua maior expressão nas históricas manifestações que eclodiram em 11 de julho, sob gritos de “Liberdade” e “Temos fome”, e deixaram um morto, dezenas de feridos e 1.292 presos – dos quais 673 permanecem detidos -, segundo a ONG de direitos humanos Cubalex.

Completou um ano em 4 de dezembro a prisão de Luis Robles, um jovem detido apenas por ir à rua com um cartaz exigindo a libertação do rapper Dénis Solís, que foi solto em 12 de julho.

“Um ano de maus-tratos, ameaças e tortura psicológica. Um ano em que sua saúde esteve muitas vezes em risco. Um ano de desespero vendo como zombam de suas próprias leis. Um ano à espera de um julgamento que até agora não chegou”, escreveu no sábado no Facebook seu irmão Landys.