O Grupo de Puebla, que reúne líderes progressistas ibero-americanos, se reúne nesta sexta-feira (8) em Buenos Aires, tendo como anfitrião o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, com a expectativa da libertação iminente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Participam do evento, que se estenderá até domingo com o lema “A mudança é o progressismo”, entre outros, os ex-presidentes Dilma Rousseff (do Brasil), Fernando Lugo (Paraguai) e Ernesto Samper (Colômbia).

Também estarão presentes o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, e o candidato à Presidência do Uruguai, Daniel Martínez (da esquerdista Frente Ampla), que disputará o segundo turno em seu país em 24 de novembro.

O encontro será dominado pelo novo cenário aberto no Brasil, com a decisão na véspera do Supremo Tribunal Federal (STF), que abriu o caminho à libertação de Lula, preso em Curitiba desde abril de 2018.

Os advogados do ex-presidente (2003-2010) anunciaram a solicitação de libertação imediata de Lula, condenado a oito anos e dez meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro por se considerar que foi beneficiário de um apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, oferecido pela empreiteira OAS em troca de mediação em contratos com a Petrobras.

“O Supremo Tribunal Federal do Brasil decidiu que as condenações de prisão só serão executáveis uma vez tenham ficado firmes. É o mesmo que vimos reclamando na Argentina há anos. Valeu a pena a demanda de tantos! #LulaLivreAmanhã!”, escreveu Fernández no Twitter.

A mudança da situação jurídica do líder da esquerda brasileira se dá em um contexto regional de convulsão e protestos sociais em Chile, Bolívia e Equador, assim como em meio a uma reviravolta política na Argentina.

No país anfitrião, o peronista de centro-esquerda Fernández assumirá a Presidência em 10 de dezembro, em substituição ao liberal Maurício Macri, após quatro anos de um governo que resultou em uma profunda crise econômica na terceira economia latino-americana.

A mudança também representará a volta ao governo da ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), desta vez como vice-presidente.

Kirchner não participará da cúpula do Grupo de Puebla porque estará até a segunda-feira em Havana, Cuba, onde visita à filha, Florência, que se submete a um tratamento médico na ilha.

No entanto, seu retorno ao governo será abordado no encontro, realizado em um hotel do centro da capital argentina e cuja abertura ficará a cargo de Fernández.

“Queremos buscar em nossas diferenças aquilo que nos une. Este encontro é um convite a refletir junto com 32 líderes progressistas de 12 países”, diz a convocação.

O conclave de Buenos Aires será o segundo do Grupo de Puebla, que selou seu nascimento em julho passado no México, tendo Fernández como um de seus principais impulsionadores.

É o antagonista do Grupo de Lima, criado por iniciativa de chefes de Estado neoliberais da região, com forte posicionamento de condenação ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela.

Espera-se que o documento final contenha pronunciamentos a respeito do presente jurídico de Lula e da situação em Venezuela, Chile, Equador e Bolívia.

Em Brasília, o Grupo de Lima se reúne nesta sexta para analisar a situação da Venezuela e o estancamento da crise no país.

A reunião será a primeira deste grupo desde a eleição de Fernández, que deu a entender que uma vez no poder, seu país deixará o bloco criado em 2017 entre uma dúzia de países latino-americanos com a finalidade de buscar uma saída para a crise venezuelana.