O líder mundial do luxo, o grupo francês LVMH, surge como o primeiro campeão dos Jogos Olímpicos em termos de imagem, fruto de uma estratégia cuidadosamente pensada para tonar-se o patrocinador mais visível em toda as etapas do evento.

Da chegada da tocha olímpica ao porto de Marselha à cerimônia de abertura, passando pela entrega de medalhas, o grupo francês posiciona-se com habilidade, o que pode compensar a queda de 14% dos lucros no primeiro semestre, em um contexto econômico mundial incerto.

O grupo do bilionário francês Bernard Arnault é um parceiro “premium” dos Jogos e, graças a isso, suas marcas têm grande visibilidade.

A joalheria Chaumet criou as medalhas, cujas caixas foram desenhadas pela Louis Vuitton, principal marca do grupo, assim como um baú para a tocha, que passou pela Fundação de mesmo nome, além dos vinhedos da LVMH.

Os calçados Berluti serão usados pelas seleções francesas na cerimônia de abertura, onde a cantora Aya Nakamura usará um traje Dior. Convidados especiais beberão champanhe Moët Chandon e conhaque Hennessy durante os Jogos.

Na cerimônia de abertura desta sexta-feira, a tocha passará em frente à loja de departamentos La Samaritaine e à sede da Louis Vuitton.

O diretor artístico das coleções masculinas da Louis Vuitton, o músico e estilista americano Pharrell Williams, conduzirá a chama nesta sexta-feira.

Um equilibrista deve cruzar o Sena a partir do hotel Cheval Blanc, no coração de Paris, onde uma enorme estrutura metálica que lembra um baú Vuitton vai acomodar clientes VIP.

– “Uma artimanha” –

Na entrega de medalhas, os apresentadores estarão vestidos “pelo LVMH” (e não por uma das marcas do grupo) e levarão as medalhas em uma bandeja com a estampa quadriculada da Louis Vuitton.

“Encontramos este meio, muito discreto e ao mesmo tempo muito visível, de estarmos presentes”, disse à imprensa Antoine Arnault, filho de Bernard Arnault.

Por exemplo, as bandejas. “Com alguma cultura, é possível reconhecer a casa Vuitton, é uma artimanha ou forma subliminar de estar presente”, garantiu.

– Olímpia na avenida Montaigne –

Nas palavras da especialista Julie El Ghouzzi, a lendária Olímpia “estará, este ano, na avenida Montaigne 22”, em Paris, endereço da sede da LVMH.

A parceria entre o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos vale 150 milhões de euros (917 milhões de reais), aos quais se somam “50 milhões de ativação” (305 milhões de reais), ou seja, para a organização de eventos, produção de trajes etc., informou uma fonte próxima ao evento.

O Comitê Organizador “contou com a LVMH” para fechar o orçamento de 1,24 bilhões de euros (cerca de 7,58 bilhões de reais) para os Jogos.

“Quando a oportunidade aparece, deve ser aproveitada”, sugere um especialista do setor.

“Na maioria das vezes, as associações esportivas representam uma oportunidade comercial, com a criação de produtos para o evento”, explica Julie El Ghouzzi à AFP.

Mas “neste caso não estamos falando de produtos”, destaca.

“A LVMH pensou estrategicamente” para “fazer desta parceria uma aliança de valor” e atingir os “bilhões de espectadores” dos Jogos.

– Esporte, ‘vetor de crescimento’ –

“Há um discurso construído sobre as palavras cultura, legado, ‘savoir faire’, França”, analisa o especialista em luxo Eric Briones.

“A LVMH deu um toque especial aos valores olímpicos ao selecionar com precisão” as marcas francesas do grupo participante.

Essas marcas patrocinam diversos atletas com possibilidade de obtenção de medalhas.

“Este não é um negócio de curto prazo”, afirma Antoine Arnault, que espera que esta parceria “agregue valor à imagem do grupo e de suas empresas”.

Segundo Eric Briones, o esporte tornou-se “um vetor de crescimento” para o luxo e “a LVMH se posiciona mais uma vez como líder” com esta parceria.

O grupo estará nos próximos Jogos de Los Angeles, em 2028?

“Nada está descartado”, responde Antoine Arnault.

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