Ações policiais com participação da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), unidade de elite da Polícia Civil do Rio, que atuou na operação mais letal da história do estado, somam mais mortes do que todos os registros da Polícia Civil de São Paulo, a maior do país. As informações são do UOL.

Criada para ser uma espécie de SWAT (forças táticas norte-americanas) da Polícia Civil do Rio, a Core tem um histórico de alta letalidade nas favelas do Rio, com operações dessa unidade policial resultaram em 304 mortes, desde 2007. No mesmo período, toda a Polícia Civil de SP somou 289 mortes cometidas por seus agentes. Os dados foram levantas pelo Geni (Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos), grupo de pesquisa da UFF (Universidade Federal Fluminense), a pedido do UOL.

Segundo registros de ocorrência, policiais da Core estiveram presentes em oito das doze ocorrências no Jacarezinho e, nessas ações, ocorreram 22 das 27 mortes registradas na operação. Das 304 mortes em ações com policiais da Core, 39 ocorreram neste ano —em apenas cinco meses, o número já é o maior desde 2008, quando houve 53 vítimas fatais em todo o ano. A Core é responsável por 41% das mortes causadas pela Polícia Civil do Rio, que totaliza 740 mortes.

Segundo registros do Instituto Fogo Cruzado, além da operação no Jacarezinho, a Core esteve presente em ao menos outras 12 ocorrências com três ou mais mortos desde 2016. Entre elas está uma no Complexo da Maré, em 2019, que terminou com oito mortos e denúncias de que suspeitos já rendidos teriam sido mortos arbitrariamente por policiais.

Ao UOL, a Polícia Civil não respondeu os questionamentos sobre a letalidade da Core. “A Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) do Rio de Janeiro só comenta sobre o que tem conhecimento. Logo, para que algum posicionamento seja dado, solicitamos o estudo e o respectivo embasamento. Entretanto, todas as polícias do mundo possuem suas unidades táticas para o cumprimento de suas missões constitucionais”.