O Grupo Cena 11, de Florianópolis, faz nesta sexta-feira, 26, às 21h, a pré-estreia de Protocolo Elefante, no Auditório Ibirapuera. A nova obra nasceu da inquietação trazida pela celebração dos 20 anos da companhia, em 2014, que começou a se perguntar por que, como e se deveria continuar. Ao investigar o que os definia e o sentido de pertencimento a um projeto artístico como o deles, foi aparecendo o desejo de buscar um modo de fazer que não mantivesse a inércia de somente reproduzir o que já sabiam. No meio desse turbilhão, veio também a necessidade de cultivar ideias de dança que se espalhassem em outras plataformas, para além da coreográfica.

O livro Rumor, lançado na terça-feira, 23, no Itaú Cultural, responde a essa última demanda. Resultou de uma das 5 ações que o Cena 11 realizou durante os últimos 18 meses, batizada de êxodo/solilóquio. “Decidimos criar uma estratégia de isolamento por 15 dias, com o objetivo de evocar o vestígio do Cena 11 em cada um de nós”, explica Alejandro Ahmed, diretor e coreógrafo que fundou a companhia em 1993. Cada um escolheu para onde iria, sua metodologia de trabalho e a forma de registro que usaria. Rumor, que eles chamam de documento ficção, foi organizado pelo quadrinista Pedro Franz, que reuniu a diversidade de vozes registros produzida pelos 10 membros do grupo com uma ideia de memória desinteressada da sequência linear dos acontecimentos. “Não perguntei nada para nenhum deles porque seria um trabalho de ficção, no qual os fatos não são tão importantes. O que me interessou foi trabalhar com as diferentes formas de tradução do material reunido”, contou, durante o lançamento.

As outras quatro atividades promovidas foram as seguintes: autorretrato (quatro meses dedicados a escapar da subordinação estética aos padrões que davam forma à sua dança); espelho (que contou com a participação de três artistas da dança: Wagner Schwartz, Michelle Moura e Eduardo Fukushima); reencontro/acontecimento (realizado no dia 5 de agosto de 2015, no Teatro Pedro Ivo, em Florianópolis, quando voltaram do solilóquio); e residência/criação (que ocorreu em Dusseldorf, na Alemanha; na Bienal Sesc de Dança, em Campinas; e no Sesc Consolação, em São Paulo).

“Estamos envolvidos no desafio de buscar um movimento acionador que não se encaixe nos modos habituais de treinar dança. Queremos escapar da mimese que geralmente pauta os jeitos de o corpo aprender. Fazer sem o objetivo de aperfeiçoar o resultado direto do que está sendo feito, para que ligações de outra ordem possam acionar o que parece não estar conectado. Buscar outros modos de cultivo do movimento”, explica Alejandro.

Interessados no inevitável e não no replicável, elegem a improvável combinação da descontinuidade com o vestígio para dar seguimento à sua dança. Fizeram uma escolha forte, quando elegeram o elefante como a metáfora da necessidade de se exilar do bando para morrer. Na sua trajetória, não é novidade a busca da desestabilização. Ela respinga até no modo como eles chamam o Protocolo Elefante: réquiem nascimento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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