Um grupo de cerca de cinquenta adolescentes franceses de confissão judaica, que retornavam de férias na Espanha, foi desembarcado de um avião devido ao que a companhia aérea qualificou nesta quinta-feira (24) como um “comportamento inadequado”, embora alguns pais denunciem um “ato antissemita”.
O incidente ocorreu na quarta-feira, quando os adolescentes – que passaram duas semanas na Espanha – estavam prestes a partir de Valência (sudeste) para Paris em um voo da companhia aérea espanhola Vueling.
Em um comunicado publicado nesta quinta-feira no X, a companhia aérea assegurou que os adolescentes mostraram “uma atitude altamente conflituosa, colocando em risco o desenvolvimento correto do voo”.
Acrescentou que “manipularam de forma inadequada material de emergência e interromperam ativamente a demonstração obrigatória de segurança”.
“Apesar dos múltiplos avisos, a conduta inadequada persistiu, o que obrigou a ativação imediata dos protocolos de segurança estabelecidos. A tripulação, agindo com total profissionalismo e conforme os procedimentos da Vueling, solicitou a intervenção da Guarda Civil que, após avaliar a situação, procedeu ao desembarque do grupo”, detalhou a companhia aérea.
A Vueling adicionou que, já fora do avião, “o comportamento do grupo continuou sendo agressivo”, o que “resultou na detenção de um dos responsáveis pelo grupo”.
Um vídeo que circulou nas redes sociais, supostamente relacionado, mostra uma jovem no chão, algemada por agentes da Guarda Civil.
Consultada pela AFP, uma porta-voz da Guarda Civil confirmou a versão da Vueling, assegurando que o grupo, composto por 47 adolescentes e quatro monitores, não obedeceu às instruções da tripulação.
A monitora foi detida “porque se negava a sair do avião”, acrescentou a porta-voz, especificando que foi liberada pouco depois.
Mas esta versão é contestada pelos pais de alguns dos jovens, que afirmam que o grupo foi repreendido pela tripulação porque um dos meninos cantou em hebraico.
As crianças estavam “tranquilas” quando a Guarda Civil chegou, afirmou Karine Lamy, mãe de um dos adolescentes, denunciando “um ato antissemita”.
Por sua vez, a associação Club Kineret, organizadora da viagem, anunciou que está reunindo provas com o objetivo de apresentar uma denúncia na França contra a companhia aérea.
“Vamos apresentar uma denúncia por violência física, psicológica e discriminação por motivos religiosos”, precisou a advogada, Julie Jacob. Mencionou ainda “circunstâncias agravantes”, dado que se trata de “menores de menos de 15 anos”.
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