Grupo armado M23 e tropas ruandesas seguem avançando pelo leste da RDC

O grupo armado M23, apoiado pelo Exército de Ruanda, ameaça tomar, nesta quinta-feira (6), uma vila estratégica no leste da República Democrática do Congo, apesar dos apelos à paz feitos pelas Nações Unidas.

Após capturar Goma, principal cidade da província de Kivu do Norte, e romper um cessar-fogo declarado unilateralmente, o Movimento 23 de Março (M23) e soldados ruandeses lançaram uma nova ofensiva na quarta-feira.

Essa operação na província vizinha de Kivu do Sul permitiu a conquista da localidade mineira de Nyabibwe, a cerca de 100 quilômetros da capital regional, Bukavu.

Fontes humanitárias e locais afirmaram, nesta quinta, que as forças congolesas estão se preparando para um ataque à vila de Kuvamu, que abriga o aeroporto provincial, razão pela qual está sendo feita a evacuação do pessoal e do equipamento da área, para evitar que caia nas mãos dos combatentes do M23.

Kuvamu está localizada a cerca de 30 quilômetros de Bukavu. Um morador disse à AFP que a população das localidades próximas ao aeroporto sente um “medo terrível” com o avanço do grupo armado.

Corneille Nangaa, líder da aliança político-militar que inclui o M23, declarou nesta quinta-feira, em um comício diante de dezenas de milhares de pessoas em Goma, que seu grupo quer “libertar todo” o país e “expulsar” o presidente congolês, Felix Tshisekedi.

O conflito no leste da RD Congo já dura três anos. Essa região é rica em recursos naturais como ouro, tântalo e estanho, usados para baterias e aparelhos eletrônicos.

A RD Congo acusa Ruanda de querer saquear esses recursos, algo que o governo ruandês nega.

Ruanda afirma que, para garantir sua própria segurança, deseja erradicar da região os grupos armados, especialmente aqueles criados por ex-funcionários hutus responsáveis pelo genocídio dos tútsis em 1994.

“Estamos em um momento crucial e chegou a hora de nos unirmos pela paz”, reiterou nesta quinta o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Na sexta-feira, a pedido de Kinshasa, o Conselho de Direitos Humanos da ONU se reunirá em sessão especial para tratar da crise na RD Congo.

No dia seguinte, o presidente congolês e seu homólogo ruandês, Paul Kagame, devem se reunir na Tanzânia em uma cúpula extraordinária da Comunidade dos Estados da África Oriental (CEA) e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para tentar chegar a um acordo.

bur-blb/cld/keo/jvb/an/jb/mvv