Um grupo autointitulado “justiceiros da fronteira” tem colocado “avisos” ameaçando de morte pessoas que cometerem crimes como roubo e tráfico na fronteira entre Brasil e Paraguai. Os cartazes foram colados em postes das cidades de Pedro Juan Caballero (que fica no Paraguai) e de Ponta Porã (MS). As informações são do G1.

“Dizem que quem avisa, amigo é”, afirma o recado. “Começaremos a agir fortemente nesta cidade para eliminar estas pragas deste convívio social. Não teremos dó nem piedade, e para quem acha que isso aqui é uma brincadeira, procure saber”, diz um trecho de uma carta assinada pelo grupo.

Na última semana, um casal de namorados paraguaios foi executado com mais de 35 tiros em uma choperia. Os pistoleiros responsáveis pela morte de Mateo Martínez Armoa, de 21 anos, e Anabel Centurion Manculeo, de 22, deixaram um bilhete em espanhol preso à cabeça do rapaz escrito “Favor não roubar”, com assinatura dos “Justiceiros da Fronteira”.

Nesta semana, o corpo de um adolescente foi encontrado sem mãos também com um bilhete: “Os justiceiros estão de volta”.

Investigação

De acordo com o delegado Clemir Vieira, que comanda a Polícia Civil em Ponta Porã, a maioria dos casos de execução na linha de fronteira acontecem do lado paraguaio. Por conta disso, as investigações ficam restritas ao país vizinho.

“Estamos em alerta, não ficamos alheios, mas formalmente não investigamos os casos recentes”, explicou. O delegado também ressaltou que na maioria dos casos, a vítima tem antecedentes criminais e que as investigações da polícia paraguaia devem apontar  quem ou quais pessoas fazem parte dos “Justiceiros da Fronteira”.

“Eles se denominam dessa forma. Não deixa de ser uma organização criminosa que faz justiça com as próprias mãos”, disse ao G1.

Ainda conforme Vieira não há registros de crimes ligados ao grupo em Ponta Porã. “Às vezes pode ser apenas um homem, ainda estamos em investigação e não temos nenhuma informação da polícia paraguaia. Conosco não temos nenhuma informação sobre a investigação”, explicou o delegado.

Ao G1, uma fonte da polícia paraguaia informou que as investigações estão em curso e sob sigilo. A fonte informou ainda que os bilhetes encontrados sobre o corpo de Mateo, e do adolescente, de 17 anos, foram submetidos à perícia.