A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) anunciou nesta terça-feira, 24, a demissão de cinco funcionários em função da paralisação surpresa que a categoria deflagrou em 12 de outubro. O Metrô ainda afastou um operador por 29 dias e suspendeu outros três, que têm estabilidade sindical e serão submetidos a julgamento do Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

A companhia afirma, em nota, que a decisão foi baseada em provas compostas por imagens, áudios e relatórios “que indicaram a conduta irregular dos nove profissionais”. De acordo com a empresa, a paralisação não foi aprovada pelos metroviários em assembleia e foi adotada sem aviso prévio, o que não seria permitido por lei.

Também em nota, o sindicato dos metroviários afirma que as demissões são “injustas” e foram determinadas como forma de retaliação à greve do dia 3 de outubro. A categoria anunciou a convocação de uma assembleia para quarta-feira, 25, com o objetivo de “organizar a luta contra as demissões, privatizações e terceirizações”.

Paralisação surpresa

No último dia 12, as Linhas 1-Azul, 3-Vermelha e 15-Prata do Metrô de São Paulo pararam de operar por cerca de três horas, e a 3-Verde funcionou de forma reduzida por causa de uma paralisação que pegou os usuários do transporte de surpresa porque não chegou a ser anunciada com antecedência.

Ao todo, 49 estações foram fechadas durante a paralisação e mais de 30 trens foram evacuados, informou a companhia no comunicado.

Os metroviários cruzaram os braços em protesto a uma advertência aplicada a operadores da Linha 3-Verde que se recusaram a fazer um treinamento proposto pela empresa. Os funcionários alegaram que essa qualificação implicaria em acúmulo de tarefas em suas jornadas.

O Metrô afirma que as advertências dadas ao operadores não implicavam em demissões ou reduções de salários, e ressaltou que as punições “não estão relacionadas à greve dos metroviários no último dia 3”.

No começo do mês, funcionários do Metrô, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) deflagraram uma paralisação de 24 horas em São Paulo contra as privatizações dos serviços, pauta defendida pela gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Em razão dessa greve, o Metrô ingressou com ação na Justiça contra o sindicato dos metroviários pedindo que a entidade seja condenada a pagar R$ 7,1 milhões por danos materiais causados pela paralisação. Pede também indenização por danos morais, em valor a ser arbitrado pelo juiz.

O valor corresponde ao que o Metrô deixou de arrecadar por causa da greve. Já a indenização por danos morais se refere ao prejuízo à imagem da empresa supostamente causado pela paralisação.

O Metrô classificou a greve como ilegal porque o sindicato descumpriu ordem judicial que determinava que todo o efetivo trabalhasse durante os horários de pico e 80% dos funcionários atuassem nos demais períodos.

Já o sindicato diz que a ação do Metrô é “antissindical” e afirma que os contratos de concessão da operação do serviço às empresas privadas é o que “causa prejuízo para a sociedade”.