A jovem ativista sueca Greta Thunberg, que inspirou as manifestações pelo clima nesta sexta-feira (20) em todo o mundo, expressou sua esperança de que a sociedade tenha atingido um “ponto de virada”, em entrevista à AFP.

Embora não haja dados oficiais sobre o número de participantes nesses eventos, Thunberg está feliz por serem “milhões”.

“Os números são incríveis, quando você vê as imagens, é difícil de acreditar”, disse a ativista de 16 anos durante entrevista na prefeitura de Nova York, antes de participar da grande mobilização que começou ao meio-dia (horário local).

“Espero que seja um ponto de virada para a sociedade, mostrando quantas pessoas estão envolvidas, quantas estão pressionando líderes, especialmente antes da cúpula climática da ONU”, que ocorrerá na próxima segunda-feira, em Nova York, a qual Thunberg comparecerá.

“Isso não é apenas para mim”, disse a ativista sueca, que incentivou adolescentes e estudantes de todo o mundo a não ir à escola toda sexta-feira sob o lema do protesto “Sexta pelo futuro”.

Por outro lado, Thunberg disse que, embora alguns chefes de Estado “pareçam mais determinados do que outros” a combater as mudanças climáticas”, parece que ninguém está disposto a dizer a verdade, a dizer realmente as coisas como são”.

“Não os culpo”, “não é culpa de ninguém, é culpa do sistema”, disse. “Mas eles ainda têm muitas responsabilidades, têm muito poder, então eu tento pressioná-los”.

– “Assumir a responsabilidade” –

A jovem tornou-se um símbolo da ação climática desde que começou a faltar às aulas às sextas-feiras para ficar em frente ao Parlamento sueco, em agosto de 2018, pedindo às autoridades para reduzir as emissões de carbono e controlar o aquecimento global.

“Precisam assumir sua responsabilidade e fazer isso, e é isso que vamos tentar impulsionar. Agora mostramos o que podemos fazer, agora eles precisam demonstrar o que podem fazer”, disse.

No mês passado, Thunberg chegou em Nova York a bordo de um veleiro sustentável, após se recusar a voar devido às emissões de carbono causadas pelos aviões. A viagem da Europa até os Estados Unidos através do oceano Atlântico durou 15 dias.

Desde o desembarque nos Estados Unidos no final de agosto, Thunberg disse que não quer se encontrar com o presidente republicano, Donald Trump, um cético sobre mudanças climáticas que não comparecerá à cúpula da ONU e cujo governo revogou vários regulamentos destinados a limitar as emissões de poluentes no país, além de abandonar o Acordo de Paris.

Mas, quando perguntada se aceitaria um convite para se encontrar com o presidente americano, Thunberg respondeu “não sei”, depois de uma breve hesitação. “Não seria uma prioridade para mim”.

“Não vejo por que gostaria de conhecer uma adolescente, uma ativista climática … quando ela não ouve a ciência”, respondeu Trump.

Embora tenha se tornado uma fonte de inspiração para milhões de pessoas, Greta Thunberg também recebe cada vez mais críticas. Alguns acreditam que a garota atrai muita atenção para sua pessoa ou que ela simplesmente não tem experiência suficiente para se tornar uma porta-voz do clima.

“Podem me criticar se quiserem, mas eu realmente não vejo o interesse, há muito o que fazer além de criticar alguém. Mas também vejo isso como um sinal positivo de que realmente temos um impacto e é por isso que eles sentem a necessidade de nos menosprezar”.