A ativista sueca do clima Greta Thunberg criticou, nesta quarta-feira (21), a dissolução, na França, de um grupo ecologista vinculado pelas autoridades a violentos protestos contra megabarragens de irrigação.

“É um tema vinculado ao direito de se manifestar e à defesa da vida”, declarou a ativista, ao lado de membros do grupo ecologista “Soulèvements de la Terre” (Levantes da Terra, em tradução literal).

“Espero que mais pessoas se manifestem contra o que ocorre neste momento e defendam o direito de protestar”, acrescentou.

O governo francês dissolveu o grupo nesta quarta, alegando que “sob o pretexto de proteger o meio ambiente”, o movimento “incita a realização de sabotagens e destruições materiais, incluindo a violência”.

“Nenhuma causa justifica os atos particularmente numerosos e violentos” que o movimento “convoca e provoca” e “dos quais participam seus membros e simpatizantes”, indica o decreto de dissolução.

O Soulèvements de la Terre (SLT) é um coletivo de associações, sindicatos e grupos criado em janeiro de 2021 na região de Notre-Dame-des-Landes (oeste), que viveu, nos anos 2010, uma forte contestação ao projeto de construção de um aeroporto, finalmente abandonado.

O grupo estava na mira do governo desde os violentos atritos entre manifestantes e forças de segurança registrados em 28 de março em Saint-Soline (centro-oeste), que deixaram dois manifestantes em coma.

Após esse protesto contra a construção de barragens usadas pelo agronegócio, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, iniciou o processo de dissolução entre críticas ao “ecoterrorismo”.

Mas, segundo uma fonte próxima ao ministério, o decreto estava bloqueado há dois meses.

O ministro do Interior deu a entender, no entanto, que os protestos de sábado contra a construção de uma linha de trem-bala o relançaram.

Os advogados do SLT anunciaram, nesta quarta-feira, ter apresentado um recurso ao Conselho de Estado, diante do qual vários deputados de esquerda e membros de outras organizações se reuniram.

Entre eles, estava Greta Thunberg, que viajou a Paris à margem da reunião sobre um novo pacto financeiro mundial, que busca enfrentar melhor os desafios das mudanças climáticas.

À noite, manifestações estão previstas em várias cidades do país, como Nantes e Marselha, em repúdio à dissolução.

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