O Grêmio e a Defensoria Pública da União assinaram um acordo para combater manifestações racistas e de injúria racial no futebol, em evento realizado no estádio do clube. Apesar de serem considerados crimes no Brasil, ocorrências desta natureza estão crescendo nas praças esportivas. O documento assinado pelo presidente do time gaúcho Romildo Bolzan, pelo Subdefensor Público-Geral Federal Jair Soares Júnior, pela defensora pública da união e coordenadora do grupo de trabalho de Políticas Etnorraciais, Rita Cristina de Oliveira, visa criar ações efetivas contra qualquer ato discriminatório.

Em 2014, a imagem do Grêmio ficou muito arranhada depois que uma torcedora foi flagrada por câmeras de TV chamando o goleiro Aranha, do Santos, de “macaco”. “O Grêmio tomou a pecha do termo racista no Brasil. Isso foi muito dolorido para nós. O Grêmio é um clube inclusivo, como todos os clubes de futebol no Brasil. O futebol talvez seja o meio mais inclusivo dentro de qualquer atividade social, onde prevalece rigorosamente o talento”, afirmou Romildo Bolzan durante a assinatura do pacto.

“Aqui não tem padrinho, nem cor, aqui se vigora o talento de cada um, vigora a capacidade de jogar. O futebol é o esporte mais inclusivo entre as práticas desportivas, o que faz com que uma ação como esta seja tratada com extrema importância por todos nós gremistas”, completou o mandatário.

Na mesma linha, o vice-presidente do Conselho Deliberativo do Grêmio, Alexandre Bugin, reforçou que o clube trabalha com várias ações antirracistas, dentro e fora dos gramados. “Essa assinatura dá consistência e base ao nosso trabalho e mostra a intenção do Grêmio em atuar contra o racismo. O Clube como instituição tem responsabilidade para além das quatro linhas que é o de ajudar a construir a cidadania. É uma missão muito grande, mas que temos certeza que será atingida com êxito por que este é o nosso propósito.”

Já a defensora pública Rita Cristina de Oliveira destacou a iniciativa do clube em fechar um acordo com o Grupo de Trabalho de Políticas Etnorraciais (GTPE-DPU). “O futebol é considerado uma paixão nacional e mundial, porém ao que se mostra, tal qual a nossa sociedade, nasceu sobre bases estruturantes adoecidas pelo racismo. Negar essa realidade é leviano, irresponsável e um projeto de autoengano para continuar desfrutando de privilégios sobre essas estruturas que insistem em se dinamizar para continuar subjugando pessoas negras no País. O universo do futebol pode ser capaz de criar mecanismos que produzam sentimentos e ações em contraposição a esse universo perverso.”