A Grécia criará duas novas áreas marinhas protegidas, anunciou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, nesta segunda-feira (21), dando continuidade a uma promessa feita em junho na Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos.
As novas áreas protegidas estão localizadas no Mar Jônico e nas Cíclades Meridionais, no Mar Egeu, e estarão “entre as maiores áreas marinhas protegidas de todo o Mediterrâneo”, afirmou ele em uma mensagem de vídeo.
O primeiro-ministro afirmou que a “prática extremamente destrutiva da pesca de arrasto de fundo” por embarcações pesqueiras comerciais será proibida nas novas reservas e em todas as áreas marinhas protegidas da Grécia até 2030.
Com isso, será o primeiro país da Europa a tomar uma medida de conservação tão significativa.
Em geral, a pesca é permitida em áreas marinhas protegidas em todo o mundo, mesmo para embarcações que raspam o fundo do mar com uma enorme rede em forma de funil, causando efeitos devastadores.
Na conferência da ONU, realizada no mês passado em Nice, Mitsotakis prometeu “honrar o patrimônio marinho único da Grécia e protegê-lo para as gerações futuras”.
“Hoje, cumpro essa promessa com a criação de dois novos parques nacionais marinhos… porque, quando protegemos nosso oceano, protegemos nosso próprio futuro”, declarou, acrescentando que tentará “tornar estes parques exemplos do que é possível fazer”.
A Grécia possui cerca de 13.600 quilômetros de litoral e centenas de ilhas no Mediterrâneo Oriental.
Grécia, Brasil e Espanha também aproveitaram a conferência da ONU em Nice para anunciar novas reservas marinhas protegidas e medidas para proibir a pesca de arrasto de fundo, com o objetivo de proteger melhor a vida marinha.
Mitsotakis afirmou que o tamanho das novas reservas marinhas gregas “nos permitirá atingir a meta de proteger 30% de nossas águas territoriais até 2030”.
– Oceanos são “a própria vida” –
Em maio, Atenas proibiu a pesca de arrasto de fundo nas águas do arquipélago Fournoi Korseon, no Mar Egeu, com o objetivo de proteger recifes de corais ricos em vida marinha, descobertos recentemente e de forma excepcional.
A vizinha Turquia, cuja costa ocidental fica próxima às ilhas do Mar Egeu, respondeu ao anúncio desta segunda-feira criticando a “ação unilateral”. “O direito marítimo internacional incentiva a cooperação entre os Estados costeiros desses mares, inclusive em questões ambientais”, declarou sua Chancelaria.
Ancara também afirmou que estava disposta a cooperar com a Grécia e que em breve anunciaria seus próprios planos para proteger as zonas marítimas.
Grécia e Turquia, ambos membros da Otan, travam uma disputa histórica sobre as fronteiras marítimas no Mar Egeu. Em 2023, assinaram um acordo com o objetivo de aliviar as tensões.
Mitsotakis disse que o documentário “Ocean”, do britânico especializado em história natural David Attenborough, inspirou a Grécia a acelerar os esforços para proteger a vida submarina, já que os oceanos “não são apenas belas paisagens, mas a própria vida. Delicados. Poderosos. E ameaçados”.