A pandemia e o isolamento não foram suficientes para desencorajar muitas mulheres dispostas a levar adiante o sonho de serem mães. Se esse é o seu caso e você pretende ter nove meses tranquilos pela frente, a ginecologista e obstetra Laura Penteado, da clínica Theia, dá dicas de como se organizar nessa fase tão importante. 

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“Além do receio de contrair o vírus, a mulher carrega outras questões como o tempo de sua vida fértil e comorbidades associadas. E isso tudo não deve ser negligenciado nessa jornada, que é a mais importante e mágica para a mulher”, começa a médica. 

Confira as 10 dicas que a ginecologista dá para quem planeja engravidar durante a pandemia:

Fique de olho na sua idade

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Ainda se desconhecem métodos que prolonguem a vida fértil da mulher, que em geral vai até os 40 anos, no máximo. Entre os 35 e 37, se você ainda pretende passar por uma gestação, procure sua ginecologista e converse com ela sobre o impacto de postergar essa gravidez.

Comorbidades

Diabetes, obesidade, tabagismo, asma e hipertensão são apenas alguns dos problemas que podem colocar em risco a gravidez. A futura mãe deve ficar atenta e planejar melhorar a qualidade de vida se pretende gerar um bebê. Essa mudança de hábito será benéfica não só para ela, mas também para o feto.

Aproveite o home office

Evitar o convívio social, principalmente em situação de pandemia, é o mais indicado para a gestante. Elas estão no grupo de risco e ficam mais frágeis ao contrair a Covid-19, portanto evite ao máximo sair de casa e, caso seja realmente preciso, siga as recomendações da Organização Mundial da Saúde: máscara, álcool em gel e distanciamento social.

Vacinação

Como não existem estudos da vacina contra a Covid-19 em gestantes, o ideal é que a grávida não seja vacinada durante este período. Porém, se a gestante pertencer a um grupo de risco, é importante averiguar a necessidade de vacinação com o obstetra. Afinal, ele que estará te acompanhando nesses nove meses. Porém, um estudo desta semana publicado no The Journal of the American Medical Association (JAMA), mostra que mulheres vacinadas contra a Covid-19 passam anticorpos da doença pelo leite materno aos seus bebês. O estudo ressalta que todas as participantes receberam as duas doses feitas pela Pfizer-Biontech respeitand,o o intervalo de 21 dias entre as doses. Já as amostras de leite materno foram colhidas antes e depois da administração da vacina

Saúde mental

Para gerar uma criança é importante que a mãe esteja com a cabeça no lugar. O isolamento social aumentaram a incidência de distúrbios psiquiátricos na população, como crises de ansiedade, depressão e fobia social. Uma gestação não irá curar nenhum desses problemas e pode piorá-los, levando a um quadro de depressão severa, principalmente no período puerperal. Por isso tome essa decisão de forma sábia e leve em conta a situação do mundo – e da sua cabeça – neste momento.

Apoio logístico familiar

Como estamos em uma pandemia – principalmente no Brasil, atual epicentro da Covid-19 -, ter ajuda de amigos e familiares que não moram com você pode não ser uma opção neste momento. O isolamento social e medidas sanitárias de distanciamento fazem muitas mulheres perderem grande parte de sua rede de apoio, não podendo mais contar com a ajuda de alguns familiares e profissionais na sua rotina. Essa sobrecarga de “trabalho” deve ser analisada.


Reserva financeira

Diante de uma crise econômica nacional, tudo fica mais caro e ter um bebê em casa implica em alguns gastos a mais. Você possui uma reserva emergencial? Acredita ter estabilidade no emprego e do salário? Tem empresa própria? Ela sofreu algum impacto econômico na pandemia? Isso também precisa ser pensado e revisto neste momento.

Cuidados essenciais

É de extrema importância manter os cuidados gerais: usar máscara, uso regular de álcool e distanciamento social. Não existe nenhuma vitamina ou medicamento que irá reduzir o risco de contaminação ou de gravidade da doença. Pelo contrário, várias drogas pregadas como “kit Covid” ou “kit imunidade” podem apresentar efeitos colaterais graves, desde uma reação alérgica a uma hepatite fulminante. É importante ressaltar que não existe tratamento precoce para a Covid-19, mas sim medidas sanitárias que minimizam o contágio da doença.

Riscos para a mãe

As grávidas foram incluídas no grupo de alto risco, mas, diferentemente de outras infecções virais pulmonares (como a H1N1), as gestantes não apresentam um maior risco de contrair a infecção quando comparadas com a população geral de mesma faixa etária. Entretanto, como a gestação por si só já aumenta o risco de eventos tromboembólicos, como trombose venosa nos membros inferiores, tromboembolismo pulmonar, infarto e acidente vascular cerebral. A grávida com Covid-19 pode evoluir para quadros graves dessas doenças mais rapidamente. Todo quadro séptico/inflamatório na gestante pode alterar a evolução da gestação. Segundo estudo recente publicado no Jornal de Imunologia Reprodutiva, observou-se um aumento na taxa de parto prematuro entre gestantes infectadas. Observou-se, também, uma maior taxa de baixo peso fetal ao nascimento e de restrição de crescimento fetal. Ainda não é possível estabelecer uma ligação entre um aumento do número de abortos e pacientes contaminados.

Riscos para o bebê

A transmissão do vírus de mãe para filho é muito rara. Apesar de se ter identificado partículas virais em placenta de mãe com a doença, não foi possível identificar partículas do vírus no líquido amniótico, no sangue do cordão umbilical ou no leite materno. Não se observou até o momento risco de malformação fetal devido ao vírus. E a incidência de crianças abaixo dos cinco anos com infecção por Covid-19 é extremamente baixa.


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