A madrugada em Gramado, conhecida pelo charme cuidadosamente ensaiado, com frio na medida certa, iluminação natalina impecável e um ar europeu pensado para encantar turistas, foi atravessada por um episódio inesperado. As gravações do clipe de abertura do tradicional especial de fim de ano de Roberto Carlos, 84 anos, precisaram ser suspensas após um incidente envolvendo o Cadillac dirigido pelo cantor.
Segundo nota divulgada pela Comunicação da Globo, o veículo apresentou um problema no sistema de freios e acabou colidindo com três carros da própria equipe do artista. Roberto Carlos e outras três pessoas foram levados ao Hospital Arcanjo São Miguel para avaliação médica. Após a realização de exames, todos foram liberados sem complicações.
Eu estava em Gramado naquele momento, acompanhando de perto um desses bastidores que jamais aparecem na versão final exibida na televisão. Não houve correria, gritos ou clima de espetáculo. O que se viu foi um silêncio cuidadoso, a aplicação rigorosa de protocolos e aquela tensão contida típica de uma produção televisiva quando algo foge do planejado. Mesmo que por pouco tempo, a atmosfera muda.
O ocorrido se deu justamente durante a gravação do clipe que abre o especial, elemento central da estética que a Globo constrói ano após ano com atenção quase ritualística. A escolha de Gramado não foi aleatória. Ruas iluminadas, arquitetura inspirada na Europa e o visual de cartão-postal ajudam a compor a narrativa natalina que conversa diretamente com o público de dezembro.
Apesar do susto, o projeto seguiu seu curso. Além de Roberto Carlos, a produção contou com a participação de Sophie Charlotte e outros convidados que transitam entre o clássico e o popular, compondo um mosaico de música, memória afetiva e emoção. O investimento é alto e a ambição estética, evidente.
O incidente não comprometeu o andamento das gravações, mas deixou um recado claro. Nem o luxo, nem o planejamento minucioso, nem mesmo o Rei estão livres dos imprevistos. Bastidores não obedecem roteiro, e a realidade sempre encontra um jeito de se impor.
No fim, tudo se resolveu. Exames concluídos, equipe liberada e gravações retomadas. Gramado reassumiu seu papel de cenário encantado e o especial seguiu para a fase de edição. A Kátia, socialite e supersticiosa, trocou de casaco, respirou fundo e guardou o episódio na memória. Porque quando até o silêncio de Gramado pesa, é sinal de que algo fora do comum aconteceu e merecia ser registrado.