O monitoramento de uma quadrilha de traficantes e uma conta de água levaram à ação rápida da polícia no atentado a uma empresa de transporte de valores do ABC. Já são nove os presos por participação na tentativa de assalto da Protege de Santo André nesta quarta-feira. A ação levou pânico aos moradores do bairro Campestre e fechou as principais saídas da cidade.

Com os suspeitos, a polícia apreendeu 25 fuzis, 8 carros (parte deles blindada) e cerca de 2,5 mil balas para armas pesadas. Sete pessoas foram presas pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) em um sítio em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, ainda na tarde de quarta. Os demais foram detidos pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em uma casa no Jardim São Luís, na zona sul da capital paulista.

O assalto, quarto grande ataque a uma empresa de transporte de valores paulista em seis meses, foi descoberto pela polícia quase ao mesmo tempo em que ocorria, segundo o delegado Ruy Ferraz Fontes, diretor do Denarc. Conforme o delegado, policiais vinham acompanhando uma quadrilha de traficantes de drogas que distribui entorpecentes na capital e, durante as interceptações telefônicas, descobriram o ataque em andamento. “A relação desse alvo (a quadrilha de traficantes) com os ataques foi descoberta há um mês, na tentativa de roubo de um carro-forte em Suzano (na Grande São Paulo).”

Sem dar detalhes, o delegado disse que os investigadores apuraram que, após o crime, parte da quadrilha se reuniria em uma metalúrgica, também em Suzano. No local, obtiveram a localização do sítio em Itapecerica. “Lá, prendemos uma pessoa e apreendemos parte do armamento”, disse o delegado. “Sabíamos também que outros integrantes da quadrilha iriam reunir-se ali. Então, foi esperar que chegassem”, disse. Ainda no sítio, um dos carros tinha uma conta de água de uma casa no Jardim Ibiritama, zona leste de São Paulo, usada como o paiol, onde se apreendeu a maior parte das armas.

A polícia obteve mandado de prisão preventiva para todos e eles foram enviados para Centros de Detenção Provisória (CDPs) da capital paulista. A origem das armas ainda é investigada. A munição apreendida é de um fabricante de Israel, no Oriente Médio.

Organização. Embora tivesse admitido nesta quarta a participação da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) nos atentados, na quinta a Polícia Civil foi mais comedida. Ao falar do caso, o secretário estadual da Segurança Pública, Mágino Alves, preferiu não dar o nome de nenhum dos presos. “Entre eles, há um dos líderes”, disse o delegado Fontes, ao destacar que as investigações apontam para três chefes da operação, que teria um número ainda indefinido de participantes.

A Polícia Civil destacou que, em São Paulo, há um esquema de cooperação entre grupos criminosos diferentes. Assim, nem todas as pessoas que agiram em Santo André são necessariamente integrantes ativos da quadrilha, ao passo que também há chance de que ao menos parte dos envolvidos tenha agido, também, nos demais crimes do gênero ocorridos no Estado – em Campinas (março), Santos (abril) e Ribeirão Preto (julho). “A única certeza é a participação no roubo do carro-forte de Suzano”, resumiu o delegado Fontes. “Mas são todos daqui (de São Paulo).” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.