31/07/2024 - 7:43
Por Deisy Buitrago e Mayela Armas e Vivian Sequera
CARACAS (Reuters) – O governo da Venezuela disse nesta terça-feira que os líderes da oposição Edmundo González e María Corina Machado devem ser investigados pelos protestos após a eleição, na qual o presidente Nicolás Maduro conquistou um terceiro mandato contestado pela oposição e parte da comunidade internacional.
Milhares de pessoas participaram nesta terça-feira de manifestações a favor e contra Maduro. Em várias cidades do país, os protestos foram dispersos pelas forças de segurança, de acordo com testemunhas da Reuters.
+ Oposição se mobiliza na Venezuela após protestos que deixaram 12 mortos
Pelo menos 12 pessoas morreram em todo o país durante os protestos, de acordo com o grupo de direitos humanos Foro Penal. O procurador-geral, Tarek Saab, disse que dois dos mortos eram membros de uma força de segurança e acrescentou que 749 pessoas foram detidas em conexão com as manifestações.
Maduro responsabilizou González e Machado pelas manifestações em um discurso na televisão nacional, cercado pelo alto comando militar e alguns ministros.
“Vocês serão diretamente responsáveis, sr. González Urrutia e você, sra. Machado, e a justiça tem que chegar. Na Venezuela tem que haver justiça porque essas coisas não podem acontecer novamente, que se ataque o povo”, disse o presidente.
“Eu o considero responsável, sr. González Urrutia, por tudo o que está acontecendo na Venezuela, pela violência criminosa, pelos criminosos, pelos feridos, pelos mortos”, acrescentou.
À tarde, Maduro anunciou que os militares e a polícia farão patrulhas em todo o país “até restaurarmos a paz onde ela foi perturbada, até consolidarmos a paz”.
Líderes do partido governista PSUV, incluindo seu vice-presidente, Diosdado Cabello, e o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, pediram mais cedo a prisão dos manifestantes da oposição, que eles denunciaram como fascistas, bem como de Machado e González.
“O Ministério Público tem que agir não apenas com os “malandros” (como ele chama os manifestantes). Seus chefes, aqueles que os pagaram, têm de ir para a cadeia. E quando eu digo chefe, não é apenas María Corina Machado que tem de ir para a cadeia, mas também Edmundo González, porque ele é o chefe da conspiração fascista”, disse Rodríguez.
“Esse velho é miserável, é um rato, inescrupuloso, não se importa com os mortos… Acho que seus filhos terão que vir visitá-lo aqui, porque eles estão indo para a prisão”, acrescentou Cabello em referência a González.
Enquanto isso, o governo da Costa Rica disse estar disposto a conceder asilo político ou refúgio aos políticos da oposição venezuelana que estão sendo perseguidos, especialmente González e Machado, disse o ministro das Relações Exteriores do país, Arnoldo André.
Os protestos começaram na segunda-feira, depois que as autoridades eleitorais declararam que Maduro havia conquistado um terceiro mandato com 51% dos votos, estendendo o quarto de século de governo do movimento chavista.
A oposição disse na terça-feira que já tem uma contagem de 80% dos votos, que mostram que González teve mais do que o dobro de votos de Maduro.
Machado, que foi impedida de concorrer nas eleições, estava em um comício com González em Caracas. “Aqui o que estamos combatendo é a fraude do regime”, disse ela.