SÃO PAULO (Reuters) – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera que o atual potencial de crescimento da economia brasileira é de 2,5% e por isso estabeleceu este percentual como limite para crescimento das despesas na proposta de novo arcabouço fiscal anunciada na semana passada, disse nesta terça-feira o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello.

“Nós fizemos com que o gasto público cresça uma parcela do aumento de arrecadação, 70% do crescimento da receita. Isso vai fazer com que em momentos de maior crescimento você possa gastar um pouco mais, até o limite de 2,5%, que é o que nós achamos que é algo próximo do potencial de crescimento hoje da economia brasileira”, disse Mello em entrevista à CNN Brasil.

O secretário fez ainda a previsão de que o crescimento econômico poderá ser maior nos próximos anos com um distensionamento do mercado de crédito, a aprovação pelo Congresso Nacional da reforma tributária e um conjunto de políticas públicas que vem sendo adotado pelo governo Lula, como os reajustes do salário mínimo e programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida.

“Nós acreditamos que uma conjunção de um mercado de crédito mais distensionado, graças à redução das incertezas — e para isso o arcabouço fiscal colabora –, uma reforma tributária, que melhora a competitividade da economia brasileira; e um conjunto de políticas públicas que nós estamos adotando, que isso será capaz de melhorar o ambiente da economia brasileira e fazer o Brasil voltar a crescer mais forte nos próximos anos”, disse ele.

Na entrevista, Mello destacou ainda que o arcabouço fiscal não depende necessariamente de um aumento da arrecadação, mas que o resultado primário sim. Segundo ele, a arrecadação aumentará com uma correção do que chamou de distorções tributárias.

Indagado sobre o atual patamar da taxa básica de juros, que vem sendo alvo constante de críticas ao Banco Central por parte de Lula, seus aliados e demais membros do governo, Mello disse que a visão da equipe econômica é de que, diante dos cenários no mercado de crédito e de desacaleração econômica, existem condições macroeconômicas para a redução da taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

(Reportagem de Eduardo Simões)

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