O governo Bolsonaro teve relativo sucesso em carimbar a PEC dos Precatórios como uma medida para beneficiar os pobres. A versão mentirosa diz que a lei era imprescindível para deslanchar o Auxílio Brasil, nova versão do Bolsa Família. É uma versão fantasiosa, já que bastava fechar as torneiras para as emendas paroquiais e obras eleitoreiras que visam anabolizar as campanhas bolsonaristas e do baixo clero do Centrão em 2022. Outros ajustes no Orçamento também poderiam abrir espaço para o programa social, mas não é disso que se trata.
O governo usou o novo Bolsa Família como uma cunha para implodir o teto de gastos e abrir a porteira para todos os gastos oportunistas que visam diretamente as eleições de 2022. O caminho já está preparado para turbinar o bilionários fundo eleitoral, que deve atingir estratosféricos R$ 5 bilhões. É um recorde, número completamente desproporcional ao verificado em outros países. Os políticos adesistas conseguiram um passe livre para se reeleger à custa do contribuinte.
Agora, Bolsonaro já antecipa a nova onda de gastos com a PEC do Calote (como ficou mais corretamente conhecida a PEC dos Precatórios): quer usar os recursos abundantes para o aumento do funcionalismo no próximo ano. Com isso, o presidente mais uma vez prova que o discurso liberal de Paulo Guedes não passava de fachada, um chamariz para atrair empresários, e se reconcilia com as bases corporativistas que sempre defendeu em sua trajetória política. É o resumo do governo Bolsonaro: caos na economia, benesses para a família e aliados.