Quase metade dos pesquisadores de um programa de vigilância epidemiológica do governo americano foram demitidos nesta sexta-feira, informou à AFP um epidemiologista dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC).
Segundo a fonte, quase metade dos cerca de 140 pesquisadores do programa receberam o aviso de demissão. “Estamos potencialmente à beira de outra pandemia e demitimos pessoas que, provavelmente, têm mais experiência do que ninguém neste país”, advertiu, referindo-se à gripe aviária.
O vírus H5N1 circula em criações avícolas e pecuárias dos Estados Unidos. Quase 70 pessoas foram infectadas desde o começo de 2024 e uma morreu, o que faz os especialistas temerem uma pandemia caso o vírus sofra uma mutação.
Apelidados de “detetives de doenças”, os pesquisadores demitidos trabalhavam para o Serviço de Inteligência Epidemiológica, “um dos programas de maior prestígio dos CDC”, informou à AFP Amesh Adalja, especialista em doenças infecciosas da Universidade Johns Hopkins. “Qualquer tentativa de acabar com esse programa terá um impacto direto na segurança nacional e na saúde dos Estados Unidos”, alertou o médico.
Os pesquisadores são responsáveis por investigar epidemias e tiveram um papel de destaque em crises internacionais de saúde anteriores. Sem eles, “não teríamos eliminado a varíola do planeta”, ressaltou a fonte.
Além dos pesquisadores, outros funcionários dos CDC foram demitidos. O canal americano CBS reportou que foram cerca de 1,3 mil pessoas, ou cerca de 10% do quadro de funcionários.
O novo secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert Kennedy Jr., sugeriu ontem que as agências de saúde poderiam passar por uma reforma.