A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) se manifestou nesta sexta-feira (19) pedindo para que o Ministério da Saúde tome medidas urgentes diante do risco de falta de medicamentos para intubação de pacientes com Covid-19 na rede particular. As informações são da Folha.

O governo fez requisições após receber a informação de que os estoques do SUS poderiam esgotar em 15 dias. Segundo a reportagem, faltam sedativos, anestésicos e bloqueadores musculares, essenciais para instalar o tubo de oxigênio nos doentes. Sem esses itens, não é possível socorrer pacientes que precisem de intubação e eles podem morrer sufocados.

“A situação é crítica e, se medidas urgentes não forem tomadas em âmbito nacional, mais pacientes morrerão”. disse a entidade em uma “carta aberta”. De acordo com a Anahp, “nos últimos dois dias, houve várias requisições, desorganizando a cadeia de suprimentos e privando hospitais dos recursos necessários já contratados para atender à crescente demanda de pacientes com a Covid-19”.

Segundo o diretor-executivo da entidade, Marco Aurélio Ferreira, é preciso que o governo dialogue o quanto antes com o setor privado. “Nossos estoques estão muito baixos e não estão sendo repostos pela indústria por conta das requisições administrativas que o ministério está fazendo nas fábricas”, diz Ferreira. “Alguns medicamentos podem acabar em até 48 horas”, completa.

Leia a íntegra do documento:

“CARTA ABERTA

RISCO IMINENTE DE FALTA DE MEDICAMENTOS PARA PACIENTES COM COVID-19

A situação é crítica e, se medidas urgentes não forem tomadas em âmbito nacional, mais pacientes morrerão.

Há um ano, o Brasil tem se mobilizado para o enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). A saúde, sem dúvida, é um dos setores mais afetados pela pandemia, e tem se deparado com vários desafios importantes.

Um dos mais graves, neste momento, é a iminente escassez de medicamentos necessários para atendimento aos pacientes graves acometidos pela Covid-19, bem como a requisição desses medicamentos pelas secretarias municipais de saúde e pelo Ministério da Saúde.

Em levantamento realizado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), junto aos seus associados, no dia 18 de março de 2021, ficou clara a escassez de medicamentos essenciais para o tratamento de pacientes acometidos pela Covid-19, especialmente os sedativos necessários para intubação. Alguns destes medicamentos têm estoque médio de apenas quatro dias, como é o caso do propofol e cisatracurio.

Estoque atual:

•Propofol – 4 dias

•Cisatracurio – 4 dias

•Atracúrio – 4 dias

•Rocuronio – 9 dias

•Midazolam – 14 dias

•Fenatanila – 19 dias

Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias. Caso essas instituições fiquem sem as medicações necessárias para os procedimentos exigidos em pacientes acometidos pela Covid-19, a alta demanda dos hospitais privados sobrecarregará ainda mais o setor público– agravando a situação do sistema de saúde brasileiro.

Nos últimos dois dias, houve várias requisições, desorganizando a cadeia de suprimentos e privando hospitais dos recursos necessários já contratados para atender à crescente demanda de pacientes com a Covid-19.

Assim sendo, solicitamos ao Ministério da Saúde e demais órgãos competentes atenção urgente em relação à esta questão crítica que a saúde está vivendo, colocando em risco a vida dos pacientes.

Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp)”