SÃO PAULO, 1 SET (ANSA) – O ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, reconheceu em pronunciamento em rádio e televisão na noite desta terça-feira (31) que a crise hídrica no país é grave e pediu que a população “colabore” na redução do consumo de energia elétrica.   

“Eu me dirijo novamente a todos para informar que a nossa condição hidroenergética se agravou. O período de chuvas na região Sul foi pior que o esperado. Como consequência, os níveis dos reservatórios de nossas usinas hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro Oeste sofreram redução maior do que a prevista”, disse referindo-se ao pronunciamento feito há dois meses.   

“Com pouca água nos reservatórios das hidrelétricas, tivemos que aumentar, significativamente, a geração de energia nas nossas termelétricas e estamos importando energia de países vizinhos”, acrescentou ainda.   

Mas, apesar do governo federal falar em “pior que o esperado”, essa não é as posição que especialistas alertam desde o início do ano sobre a situação climática no país. Apesar de não usar o termo racionamento energético, a situação se agrava dia após dia, tanto por conta da falta de chuvas como pela falta de medidas efetivas para redução de energia.   

Os especialistas apontam o aumento do desmatamento como uma das causas da falta de chuvas, já que o corte e a queima das florestas na região amazônica afeta diretamente a questão das chuvas nas regiões sudeste e sul do território nacional.   

Prova da gravidade são os constantes reajustes no preço das tarifas de energia elétrica no país desde junho. O Brasil estava na bandeira vermelha patamar 2, que cobra um sobrepreço no consumo, e diversos reajustes dentro dessa categoria já foram anunciados desde então.   

Nesta terça-feira, a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg) anunciou que determinou a criação de uma nova bandeira, de “Escassez Hídrica”, para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e que ela vai vigorar entre 1º de setembro deste ano e 30 de abril de 2022. Com isso, a nova taxa será de R$ 14,20 para cada 100kW/h, um valor quase 50% superior à bandeira atual.   

Entre janeiro e abril deste ano, vigorou a bandeira amarela que impõe uma taxa de R$ 1,343 para cada 100kW/h. Em maio, o país esteve sob a bandeira vermelha patamar 1, que cobra R$ 4,16/100kWh (ANSA).